MALANJE

No meio desta pandemia, temos de continuar com a nossa vida... o encerramento das fronteiras externas e internas, a falta de trabalho, o aumento do custo da alimentação, os hospitais praticamente encerrados por medo do contágio... Em muito países, entre eles Angola, muitas pessoas perderam tudo, até suas vidas, devido às consequências indirectas da Covid-19. Algo que está acontecendo praticamente em todo o mundo, e que nestes países de terceiro mundo tudo se multiplica.

Se em outro tempo, quando as sociedades ainda gozavam de certa estabilidade, muitas pessoas não ouviam falar do que acontecia em África... Agora, quando os países têm tantos problemas, dificilmente olham para os últimos da fila. Aqui, as pessoas viviam dia-a-dia... pouco resta para que vivam hora-a-hora. O clima de desespero e frustração aumenta a cada dia e os jovens não conseguem encontrar uma saída.

A Casa do Gaiato de Malanje vive no meio desta realidade de pobreza e procura que os rapazes não sofram as consequências de toda esta situação... como mãe protectora. Mas a verdade é que é praticamente impossível... Procuramos que não lhes falte o básico, quando à nossa volta se passa de tudo.

A verdade é que não deixamos de ser uns privilegiados. As oficinas e outras áreas produtivas estão praticamente paralisadas por falta de trabalho... Estamos concentrados na agricultura, cuidando que não nos faltem os alimentos.

Como diz São Paulo: «Na minha fraqueza me fortaleces»; só quem descobre este mistério pode encontrar resposta no meio de tanta contradição. Também a nossa Obra, que também vive dificuldades em Portugal e tem de se cuidar delas, não pode deixar de amar estas Casas de Angola, pois a fraqueza que hoje sentimos aqui, é na Obra da Rua que encontramos a nossa força. Feliz 2021 para todos os Leitores do Jornal.

Padre Rafael