MALANJE

Há dias, foi publicado num jornal português que cerca de 40 crianças morreram de desnutrição em Angola. Rapidamente soaram sobre a veracidade desta informação. A realidade é que os números podem ser menores ou maiores porque, no momento, não acredito que nenhuma instituição tenha capacidade para controlar a mortalidade infantil. Portanto, mais uma vez, as crianças são as primeiras vítimas da pobreza.

Já preparámos 12 hectares para cultivo da mandioca. Normalmente os camponeses pagam um euro por um rego de cem metros onde podem cultivar diferentes produtos como mandioca, milho, feijão... durante um ano. Normalmente, sem trabalhar muito, podem produzir quinze euros por rego. Muita gente, neste momento de pandemia, aposta na agricultura e como o dinheiro que pedimos é relativamente baixo, já vendemos todos e já estão à espera que preparemos mais terreno.

Tivemos a notícia, há dias, que a Obra da Rua vai preparar um contentor de alimentos para Malanje e outro para Benguela. A verdade é que ficámos muito felizes porque a nossa alimentação vai melhorar consideravelmente. Ninguém se queixa, pois todos temos consciência das dificuldades que têm todas as famílias em Angola e como muitas delas, às vezes, não conseguem comer uma refeição por dia.

Estamos reactivando as medidas de biossegurança em nossa Casa do Gaiato de Malanje, pois ultimamente vêm muitas pessoas, com bidões de vinte litros, por falta de água potável. O problema da água traz consigo a febre tifóide, que é muito difundida no País e se manifesta com tanta insistência como o paludismo. Por isso, mandámos consertar uma manivela para que as pessoas possam encher suas latas. A questão é quanto tempo durará até que volte a avariar-se.

Em nossa Casa do Gaiato procuramos viver tudo isto dentro de uma certa normalidade, tentando que estas dificuldades não sejam sentidas com muita força pelos nossos rapazes, especialmente os «Batatinhas».

Padre Rafael