MALANJE

Tudo é inundado com teu doce aroma que ao respirar me leva em seus braços para a mensidão do meu eu desconhecido. Como flocos de neve brotando dos galhos que iluminam a beleza escondida e desaparecem depois de uma semana. Um ano passeando contigo todas as manhãs sem te dirigir um olhar. E depois, tua chegada nos lembra que a primavera começa a vestir uma natureza, pela seca, desnudada [Flor de café].

No noticiário ouvimos que o governo autorizou o início do ano lectivo e todas as escolas têm que reabrir com as medidas de biossegurança. No caso da abertura da nossa escola, que recebe mais de 700 crianças e adolescentes, como para muitas, será um autêntico contra-relógio, pois está previsto o seu início de Outubro, e há que construir lavabos exteriores junto à entrada da escola, construir um muro ou vedar a escola para exista somente uma entrada..., etc. Com o pouco que temos, começaremos estas obras e o resto, esperamos da generosidade dos amigos da Obra.

Aqui, como em todos os lugares, há muito que fazer..., mas não podemos esquecer que viver continua a ser o maior esforço. O sentirmo-nos em casa relativiza tudo e colocamos as coisas no seu lugar. A primeira foi conversar com os rapazes e acabar com as saídas não autorizadas e o consumo de álcool por alguns mais velhos. A segunda, mandar alguns para a fazenda para pensar sobre seu comportamento. Depois, continuar com a montagem do sistema de irrigação, reactivar a fábrica de blocos de cimento, e, ultimamente, a carpintaria. Os primeiros cem metros andando, depois quinhentos com a bengala, depois de um quilómetro de muletas, nunca mais de oito quilómetros por dia..., apenas uma proibição: conduzir tractores.

Chegam-nos notícias de que o Padre Fernando vai à Casa de Setúbal para dar apoio ao Padre Acílio que está muito limitado pela questão da sua saúde, como pude comprovar no mês e meio que lá estive. Assim que chegou, o Padre Alfredo teve que assumir as rédeas do Calvário, que conhece desde a infância e que agora o recebe como pai. Somos padres da Rua, nada temos a oferecer, a não ser a oportunidade de tocar com as próprias mãos o Cristo pobre que celebramos na Eucaristia.

Padre Rafael