MALANJE
«Estamos no primeiro sábado do mês e a reunião dos chefes da Casa é dedicada ao balanço económico do mês. Lauro, que é o tesoureiro, preparou um resumo das entradas e dos gastos que se realizaram ao longo do mês passado. Informa, em primeiro lugar, que não podemos gastar uma quantidade superior ao que a Obra envia mensalmente: 6.500€, o que corresponde mais ou menos a 4.000.000 kwz. A seguir explica que as áreas produtivas: Serração, Carpintaria, Agropecuária... apenas conseguiram facturar 1.500.000 kwz. Até aqui, o saldo é negativo em 1.000.000 kwz. Seguem-se outros gastos como: electricidade, combustíveis, etc., outros 500.000. Até aqui perdemos 2.000.000 kwz.
Depois, continuamos com os gastos da Casa como: alimentação, 700.000; saúde, 200.000; manutenção, 50.000; ajudas, 50.000..., etc.; outro total de 2.000.000. Finalmente nos recorda que este mês tivemos uma avaria no autocarro, na retro-escavadora e numa máquina da carpintaria que no total somaram 600.000 kwz. No total foram 2.600.000 kwz, que somados aos anteriores são 4.600.000 kwz. Conclui dizendo que, graças a Deus, este mês recebemos um donativo da Comunidade Católica Chinesa em Angola de 500.000 kwz e conseguimos terminar com um saldo positivo de 100.000 kwz... uns 170 euros».
Muitas pessoas, quando lhes explicamos as contas, nos dizem que temos de rentabilizar o dinheiro. Outros, que temos de despedir trabalhadores. Outros, que vender; outros, que comprar... só nos falta que nos aconselhem a roubar. Entre os pobres que nasceram ricos e os ricos que nasceram pobres está a maior parte da Humanidade. O que é realmente preocupante, são os que nascem e morrem ricos ou nascem e morrem pobres sem mudar nada. A nossa Obra é uma oportunidade para que os ricos sejam um pouco menos ricos e os pobres um pouco menos pobres... de maneira tão simples como partilhar.
Depois de meses de sacrifício, chegam-nos fotos da Carianga onde podemos ver couves, repolhos, tomates... A Mãe Natureza sempre foi generosa com aqueles que lhe dedicam tempo. Durante vários meses, os nossos rapazes puderam sentir com as suas próprias mãos que o melhor alimento é o fruto da terra e o trabalho, como dizemos no ofertório cada vez que celebramos a Eucaristia.
Desde Setúbal, continuamos à espera da oportunidade de regressar a Malanje.
Padre Rafael