MALANJE
Desde o início do confinamento em Angola, devido ao Covid19, há a impossibilidade de qualquer padre se poder deslocar de Portugal à nossa Casa do Gaiato de Malanje. Fomos forçados a implementar comunicações através das redes sociais.
Muitas pessoas podem perguntar-se como uma Casa do Gaiato pode funcionar sem a presença física de um padre em Casa, e a resposta estamos a tê-la diante de nossos olhos. A vida nos indica a realidade em que temos de concretizar a Obra e cabe-nos, a nós, termos a capacidade de ajustá-la e torná-la possível ou de ver como tudo se desvanece.
A Obra são pessoas e os materiais - casas, pedagogias, sistemas - são meios. Os segundos ao serviço das primeiras. A ordem nunca pode ser alterada, porque, neste caso, também se altera o produto. Muitas sociedades estão parando para repensar a própria vida em seu sentido mais radical. Espero que também nós aproveitemos essa oportunidade.
Já ficou no passado aquele dia em que todos recebemos com alegria o reconhecimento das virtudes heróicas do padre Américo; já faz parte do passado o encontro com Dom Manuel Linda no museu da Casa do Gaiato de Paço de Sousa... tudo fica para trás. Tudo vai ficando sempre para trás a acompanhar-nos na pergunta: O que fizeste quando eu estava doente, na prisão...
Há dias, entrei em contacto com uma família que me dizia: É impossível ficar em casa confinado todos os dias, excepto aquelas pessoas que recebem salário do Estado. Nós temos que sair todos os dias para vender no mercado e nos campos. Não temos outra escolha: ou morte por Covid19 ou morte pela fome; e a segunda persegue-nos desde o dia em que nascemos.
De momento, a Casa do Gaiato de Malanje consegue superar os problemas do dia-a-dia e não espera pela chegada dos seus padres. A verdade, é que mais uma vez a Casa de Malanje está passando por uma grande prova, donde, com a ajuda de Deus e com tanta boa vontade, aprenderemos outra lição para o futuro.
Padre Rafael