MALANJE
Estávamos todos reunidos no auditório do museu dedicado ao Padre Américo, em Paço de Sousa, para o Encontro Celebrativo Venerável Padre (Pai) Américo e aproveitando o momento para apresentar dois novos livros: um dedicado ao Padre Américo, outro ao Padre Baptista... Muitos Amigos da Obra, Gaiatos e alguns dos padres da Rua. No final, Dom Manuel Linda tomou a palavra e interpelou todos os presentes sobre a situação que vive a Obra da Rua em nossos dias. Três grandes questões: "O futuro da Obra pode depender apenas dos Padres quando são menos a cada dia? Como o Pai Américo actualizaria a Obra nos tempos em que vivemos? Que princípios da Obra podemos continuar respeitando as leis e requisitos do Estado?"
Como sempre, ouvimos e interpretamos o que ouvimos; e não estou isento dessa fraqueza. É claro que concordo plenamente com esses três desafios, o problema é colocar todas as pessoas na mesma mesa e iniciar um processo. É claro que os Pobres deverão estar sempre no centro, porque a Obra foi criada, e deve ser recriada, em cada tempo para eles.
A Obra não pode ser fechada a uma realidade de pobreza exclusiva, pois a pobreza é expressa e manifestada de diferentes maneiras ao longo da história. A Obra é a voz dos pobres onde, através dela, eles se podem manifestar, se expressar... sem medos ou reservas... são verdadeiros protagonistas... não são receptores, são emissores. A Obra pertence a Deus e é por isso que ninguém se deve apossar dela, mas aproveitar a oportunidade de sua existência para pensar em como estamos respondendo à realidade da pobreza como cristãos, como diocese, como paróquia, como comunidade...
Enquanto isso, todos esses desafios precisam ser respondidos desde um trem em movimento, que não pode parar porque os Pobres, não apenas estarão connosco, mas somos nós mesmos... e isso não é fácil quando, pelo menos os padres, estamos de forças esgotadas.
Ontem, o padre Manuel António chegou ao Calvário com seus anos de entrega total à Obra, com suas doenças devido ao desgaste... ele não vem só como um doente... ele vem a sua Casa para que o acolhamos e cuidemos dele como um filho o faria com seu Pai desgastado pela vida. O padre Quim fica na Casa do Gaiato de Benguela e pedimos ao Senhor que lhe dê forças para enfrentar esta nova etapa.
Padre Rafael