MALANJE
O Padre Américo deu-nos uma das tarefas mais belas e, ao mesmo tempo, mais difíceis, que um homem pode enfrentar na vida: ser padre da Rua. Ao mesmo tempo deixou-nos a Obra da Rua à qual nos devíamos entregar sem reservas.
Ser padre da Rua supõe, em primeiro lugar, fazer credível que os Pobres necessitam de um ambiente familiar para se poderem recuperar e crescer saudavelmente. Para um padre da Rua a família no seu estado mais básico é: pai, mãe e filhos. Quando essa família não está completa ou se quer suprir por outros tipos de estruturas, a Obra se desvirtua. O mesmo Padre Américo criou uma organização voltada para a sociedade, mas isso não a autoriza a interferir na sua vida familiar.
Ser padre da Rua, em segundo lugar, é ser pai com suas virtudes e defeitos. Como pais de família ocupam o lugar que lhes corresponde. Todos os que tivemos a alegria de ter um pai, sabemos engrandecer os seus dons e desculpar as sua deficiências. Deste modo e em comunhão com a mãe, tentam transmitir o melhor deles aos filhos. Os padres da Rua são os legítimos pais das Casas do Gaiato.
Ser padre da Rua, em terceiro lugar, é ser um pobre mais. É um padre dos Pobres, para os Pobres, pelos Pobres. Isso quer dizer que os Pobres são os protagonistas do seu desenvolvimento e do grande desafio de sair da pobreza. Nas Casas do Gaiato o protagonismo dos gaiatos é indiscutível e inegociável. Os padres da Rua têm essa tarefa de proteger e garantir que todos vejam que são eles, para que possam recuperar a autoconfiança e acreditar em si mesmos. Todos os dias vemos inúmeras organizações que querem ajudar os Pobres sem lhes dar as rédeas do seu futuro. Os padres da Rua não devem aceitar pessoas que trabalhem, dirijam ou governem coisas que podem ser feitas pelos gaiatos.
Somos pais de família pobres... Muitas pessoas não conseguem entender o que é um padre da Rua ou da Casa do Gaiato, mas não há dúvida que, se há quem o pode explicar..., pergunta a um gaiato quem é seu pai...
Padre Rafael