LAR DO PORTO

Conferência de S. Francisco de Assis

Seria impossível as Conferências Vicentinas existirem, se não houvesse solidariedade entre as pessoas, para podermos ajudar os que nos procuram. Com os que estão à nossa responsabilidade e alguns desde o início da nossa Conferência e alguns já partiram, tentamos sempre dar o melhor que sabemos, a nossa disponibilidade para ouvi-los, ajudá-los e sentirem que estamos presentes, que apesar das suas fragilidades, estaremos sempre disponíveis. Temos que ter amor próprio, para sabermos partilhar, mas também temos que ter muita atenção, para não sermos enganados, com algumas das histórias que nos contam, porque infelizmente nos dias de hoje, com tanta informação e vícios e alguns com pouca vontade de trabalhar, tentam de outra forma obter ajuda, contando histórias um pouco dramáticas para assim conseguirem o que querem. Por este motivo, vamos pessoalmente constatar os factos e só depois disso tomamos a decisão de poder ou não ajudar. Temos a responsabilidade para com as pessoas que nos fazem chegar o seu donativo, gerirmos com seriedade e servir aqueles que são mesmo necessitados. Pai Américo, no seu livro Pão dos Pobres, pag. 95, diz: "Adiar e negar, são termos iguais". Dizem que é muito linda esta Sopa e eu também digo o mesmo, mas não é com lindezas que se cuida dos Pobres dela. A obrigação de lhes dar, é de direito natural e divino. Quem passa por sobre a miséria dos mais sem olhar para ela, toca na letra do sétimo Mandamento - não furtar; e furta todo aquele que, indevidamente, retém em sua casa, à sua mesa, o pão dos necessitados. Quem pode dizer que amanhã não seja o seu dia de estender a mão? Pois se ele há na verdade tantos socorridos da Sopa que nos recebem num angustioso «ontem éramos tão ricos e hoje não temos nada!» Se quisermos ter sempre daquele mesmo pão que o corvo depositava diariamente nas mãos do Profeta, saibamos depositar agora do nosso Pão no seio dos sem-fortuna. Se muitas vezes as grandes fortunas de ontem pedem hoje pão, é precisamente por nunca terem dado o que hoje pedem. As vossas mãos tardias e indolentes têm-nos feito sofrer a violência amarga de querer dar e não ter quê quando há tanta gente a quem."

Meus amigos, esta mensagem é forte, como todas as que Pai Américo escreveu, porque sempre viveu a vida dos pobres, abdicou de tudo para dar aos pobres o seu amor e a sua vida.

Pedimos desculpa, mas não vamos poder registar nesta crónica os donativos que nos foram enviados, mas prometemos na próxima.

Em nome de todos os nossos irmãos carenciados Bem-haja a todos.

Casal Félix