LAR DO PORTO

Não assim quem traz a vida dos mais pegados no coração: pensamentos altos, verdades consoladoras, histórias dos nossos irmãos - epopeia de amor das almas e de Amor de Deus, os dois amores inseparáveis porque semelhante.

É assim a vida dos que se esquecem da própria, para cuidar da alheia. Nem torturas nem desesperos; e se às vezes o desalento bate à porta, queda na soleira e não entra.

Voamos baixinho, como as andorinhas, para que as asas rocem em toda a gente e todos lhe possam tocar. Fazemos jornadas largas por terras desconhecidas, colhendo e semeando em episódios de amor; onde recebemos, ali mesmo deixando ficar.

É o próprio Deus que traz ao nosso encontro quem Ele muito bem quer; quanto a nós, apenas abrimos as folhas do livro e deixamos escrever nomes - uns no deve e dão, outros no haver e levam.

Lançamos notas de cem ao desbarato. Homens honestos e calejados, desmaiam de espanto diante de tanto dar e ficam-se em silêncio por largo tempo, olhos rasos de lágrimas...! Testemunhas de defesa que nos hão-de apontar, no julgamento final, diante de todo o mundo: 'Justo Juiz, aquele deu-me de comer!' Amigos verdadeiros, que o mundo não conhece nem aprecia.» - Pai Américo, Pão dos Pobres, 1.° vol., pp 160-161.

Os nossos Padres continuam no mesmo caminho, apesar das tribulações e percalços que vão encontrando, como diz Pai Américo, "se às vezes o desalento bate à porta, queda na soleira e não entra".

Também nós por vezes fraquejamos ao ouvir o grito daqueles que nos batem à porta, temos consciência de que os tempos estão a mudar, mas a falta de conhecimento de alguns da realidade da pobreza, deixa-nos de boca aberta, que bom seria que a segurança social resolvesse todos os problemas do homem. Ele não é nem pode ser uma peça de uma máquina que depois de gasta deita-se ao lixo e acabou.

CAMPANHA TENHA O SEU POBRE - Cinco euros, de Otelo Silva; trinta, de Maria Magalhães e Áurea Silva.

A todos o muito obrigado pela ajuda que nos dão.

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Adelaide e Zé Alves