LAR DO PORTO
O Natal é uma quadra que nos faz lembrar muito os outros com quem passámos em família, mas alguns já partiram e, neste dia, sentimos mais a sua ausência, na mesa, em família, mas a lei da vida obriga-nos a viver o presente, aceitar o que nos proporciona e a partilhar com amor os que nos rodeiam.
Em relação aos nossos pobres, apesar de todas as suas dificuldades, tentamos sempre partilhar com eles a nossa amizade e ajudá-los a ultrapassar várias situações que os perturbam na sua vida, não tem sido fácil, quando temos uma sociedade injusta para com os pobres - e que nada faz para mudar.
Os tempos mudaram, criaram-se outros hábitos e vícios, há mais informação, mas os pobres sempre existiram, só que foram sempre incompreendidos e sentem-se explorados e subestimados pela sociedade.
Foi por causa deles, que o nosso querido Padre Américo, fundou a Obra da Rua e o Calvário para acolher os meninos da rua e os enjeitados pela sociedade.
Aconselho, os que não conhecem esta magnífica Obra, que a visitem e leiam os livros publicados, onde há testemunhos do que esta Obra tem feito pelos pobres e doentes deste País durante décadas, mas não só, estendeu-se a Angola e a Moçambique.
Todos se admiram: - Como sobrevivem?! Com muito amor e partilha dos amigos, que conhecem esta magnífica Obra, e sabem que o que dão, é aplicado para ajudar os pobres deste País, que não tiveram qualquer apoio, mas que esta Obra os acolheu e lhes ofereceu um Lar e uma família, sem nada pedir em troca.
O nosso Calvário é um Paraíso. O nosso Padre Baptista fez desta Casa tudo aquilo que o nosso querido Padre Américo pensou fazer, acolher os pobres que nada tinham e oferecer um lar e uma família, foi punido injustamente, pode ter ajudado em algumas situações, mas quem ler o seu livro O Calvário, verá retratado tudo o que fez pelo Calvário, deu 60 anos da sua vida, sofreu com cada um deles a sua miséria, tratou das feridas como um pai trata os seus filhos.
Mas o mais importante no Calvário e que sempre admirámos, foi que estes doentes e rapazes, que apesar das suas limitações, também eram cuidadores, porque lhes foi dada a oportunidade de partilharem com os outros a sua ajuda e, apesar das suas limitações, sentiam-se úteis, porque podiam partilhar o seu amor que lhes tinha sido negado, antes de virem para o Calvário.
Quem conhece o nosso Calvário e o visita sabe que reina a paz, tudo é organizado, jardins arranjados, avenidas varridas, casas limpas, mas o mais importante, era o sorriso dos doentes e rapazes, porque aquilo que víamos, era feito por eles.
Nesta Obra, a sua regra principal é a Família, proporcionar a todos que nela habitam, viverem em família.
A nossa sociedade está a perder o valor da Família, e os que deviam trabalhar para a unir, estão a desperdiçá-la, vejam o que fizeram aos nossos doentes do Calvário, separaram-nos, sem se preocuparem de como chegaram ao Calvário e em que condições tinham ido para lá. O que fizeram foi uma ofensa para toda a Obra da Rua e os nossos Padres, que tudo têm feito e contribuído para o bem-estar dos rapazes e doentes Pobres deste País.
Disseram não terem condições para os ter, separaram-nos e tinham recebido denúncias de maus tratos, mas brincamos! então quando estes precisaram ninguém os acudiu; e agora, que estes tinham um lar e eram tratados com dignidade, foram buscá-los fora de horas de expediente, porquê? Eram maltratados, é pena que recolham testemunhos de pessoas com problemas de identidade e depois vingam-se com mentiras, mas o mais grave, é a Segurança Social dar credibilidade a mentiras, em vez de conhecerem melhor o trabalho destes Padres que tudo deram e dão por esta Obra.
Afinal, querem fazer do Calvário uma Casa de Repouso, não uma casa de Família, como era a vontade do nosso fundador Padre Américo.
No livro O Barredo Pai Américo escreveu o seguinte: «Eu não me canso de recomendar aos meus Padres que, se ainda não têm, peçam a Deus o jeito, a queda, o dom de visitar os Pobres. Que tenham dor; que sejam por eles. Que jamais os troquem por outras riquezas, que eles, os Pobres, são a verdadeira riqueza da nossa Obra. Muitos profetas quiseram ver Jesus e morreram sem O terem visto. Nós somos mais do que esses profetas. Nós podemos ver Jesus. Nós podemos curar as feridas, podemos dar pão, podemos vestir, podemos consolar; podemos ouvir a história dos trabalhos de Jesus e sofrer com Ele. Podemos sim senhor. Temos os Pobres no mundo!...»
Somos muito felizes por não termos as responsabilidades sociais dos que governam e a quem cabe o principal cuidado da solução destes problemas, mas o que não podemos é furtar-nos às contas d'Aquele que deixou como regra sem excepção: Amarás ao teu Próximo como a ti mesmo!
Temos famílias pobres neste País a viverem em barracas, sem o mínimo de condições, a passarem fome, e a Segurança Social nada faz, dizendo que não têm verbas, estes, sim, é que deviam preocupar e deixarem o Calvário trabalhar com aquilo que melhor sabem fazer, cuidar dos doentes pobres sem nada pedirem em troca, apenas oferecem um Lar e uma Família, que os recebe de braços abertos.
É uma Obra sem luxos, mas humilde, não recebem mensalidades dos mesmos ou familiares, não impõem condições, não há burocracias, apenas querem servir os doentes Pobres que nela habitam - qual a dúvida?!, não é esta a mensagem do nosso Papa Francisco, cuidar dos Pobres, dos doentes rejeitados porque são eles que devem ter prioridade?
Reconheçam que esta Obra tem mérito e todos os que nela trabalham, não conheço Obra como esta, o seu trabalho deve ser reconhecido pelos responsáveis deste País e pela Igreja, que como católica espero intercedam, porque esta Obra é da Igreja e merece que seja reconhecida como tal, porque trabalham para os pobres e para o bem dos pobres.
Somos Vicentinos e sabemos do que estamos a falar, vivemos os seus problemas e as suas inseguranças, por isto tudo vamos respeitar um pouco o trabalho de todos os que trabalham para bem dos Pobres.
A minha crónica foi longa, mas tinha que partilhar a nossa indignação para toda esta situação, como é do vosso conhecimento, a nossa Conferência é constituída por casais gaiatos, e sentimos que é uma provocação o que fizeram ao nosso Calvário e aos nossos Padres, que se despojaram de tudo para abraçarem esta Obra, e agora tratados sem respeito, não vamos baixar os braços, porque eles foram pai e mãe, para muitos dos que frequentaram esta Obra, e como família que somos temos de estar unidos.
CAMPANHA TENHA O SEU POBRE - Amiga, de Fiães, 50€; António Geada, 75€; José Cascão, 100€; Rosa Almeida, 10€; Carlos Figueiredo, 50€.
Em nome dos nossos irmãos mais carenciados, o nosso muito obrigado pela vossa ajuda e palavras amigas.
O nosso NIB:
0010 0000 4417 8020 0015 8
O nosso endereço:
Conferência S. Francisco de Assis,
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Casal Félix