HÁ 67 ANOS EM FÁTIMA
Será uma oração de dez minutos.
É por obediência que venho aqui.
Será uma oração de dez minutos.
A primeira presença que afirmamos e acreditamos é o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Escondido!! Escondido sim, mas vivo!
E a segunda presença que nós afirmamos e acreditamos é no Pobre abandonado. Escondido sim, mas vivo!
E assim como S. Paulo no seu tempo dizia a quem o escutava que não sabia dizer mais nada, nem viver mais nada senão somente Cristo, assim eu também hoje pela missão que Deus me confiou entre os mortais, eu digo que não sei viver mais nada, nem sentir mais nada, nem falar de mais coisa nenhuma senão do Pobre e este crucificado.
Perdoai a minha insipiência, irmãos.
Perdoai.
Vamos curar as feridas dos Pobres e assim damos testemunho de Cristo. O Samaritano é o único que ganha todas as partidas. O Samaritano, irmãos, vive. Dele falou o Mestre. Naquele tempo passaram os grandes, os grandes daquele mundo. Passaram os ocupados com a grande vida sua. Passaram os bens instalados. Os comerciantes de todos os artigos daquele tempo que se compravam e se vendiam, e esses ficaram na História como quem passa. Passou o Samaritano.
Este era estrangeiro, mas curva-se, cura a ferida daquele estropiado. Tinham passado também sacerdotes, passou um e passou outro, não juntos, foi um de cada vez. E pensavam da mesma maneira: errada. Eram da antiga Lei. Jesus Cristo é severo nos seus ensinamentos, e o Samaritano, irmãos meus, e o Samaritano foi pregado. Foi anunciado. É hoje anunciado aqui a esta multidão. Só ele vive, tudo o mais vegeta.
Queridos irmãos, desculpai a minha insipiência.
Talvez seja bárbara esta doutrina, mas eu não sei outra. É o meu alimento, é a minha vida.
Faz assim e vives.
E dilatando mais um bocadinho a nossa oração em conjunto, vamos a ver, o que é que nos trouxe aqui?
Oh!, certamente cada um pedir para si. O mundo pede assim. É uma maneira subtil de justificar o nosso pedido: Senhor eu quero, Senhor eu preciso, Senhor eu desejo. Não basta, nem o Mestre ensinou assim. Venha a nós o Vosso Reino. Irmãos, peçamos para os outros e assim fazemos justiça /... / do mundo como se não as usássemos. E assim fazemos todos justiça. E peçamos como vou hoje aqui pedir a todos, uma coisa do tempo, necessária. Abrigar os nossos irmãos, libertá-los das moradias imundas e impróprias em que vivem. Vamos construir casas pequeninas para as vidas pequeninas dos nossos irmãos que com tão pouco se contentam. Há dias procurou-me uma viúva de seis filhos e disse-me: «Se Você me der 50$ por mês, se me garantir, eu crio, eu crio com o meu bafo estes filhinhos que tenho». Não é preciso mais nada, a mãe faz milagres. O amor da mãe santifica os filhos e opera milagres. Assim, àqueles que vivem nas tocas, vamos buscá-los para casas próprias. Eu sei que desde Abril do ano passado a Abril deste ano se construíram 26 casas que estão já subidas e ocupadas por Pobres. Não importa saber onde, nem importa saber como. É inspiração de Deus. É fazer justiça. E também sei que muitos sacerdotes à frente das suas aldeias em vários distritos de Portugal comunicam-me a dizer como é que se começa. E eu digo: AMAR, AMANDO!!! E como se arranja dinheiro? AMANDO! E a quem sem vai pedir? A ninguém. AMA-SE. O Pobre, as chagas do Pobre como fazia Francisco de Assis no seu tempo e não foi preciso mais nada, para ainda hoje ele ser o mesmo que foi há dez séculos, o Homem revolucionário.
É na oração que eu faço aqui diante de todos e é tal a minha veemência que eu estou convencido, mais do que isso, eu sei de certeza que alguns hão-de ir para as suas paróquias e para as suas terras por um caminho diferente daquele que vieram para aqui; eu quero dizer, pensando de outra maneira, talvez arrependidos de se encontrarem só consigo mesmo nos pedidos que fazem e não saberem dizer a oração do Mestre: «Venha a nós o Vosso Reino».
O Reino da Justiça e isso basta. Sem justiça não há paz; sem justiça não há amor; e o amor e a paz que se proponha sem justiça pode ser um nome bonito, apresentado lindamente, mas é um nome e não passa daqui.
O dinheiro para as casas? Não perguntes; essa pergunta é profana; isso fazem os publicanos e os pecadores. Então quê? AMA e AFLIGE-TE. E a justiça sendo uma força imanente e viva produz o milagre.
Para terminar esta oração: A semana passada contaram-me e eu não quis acreditar e fui ver, irmãos, fui ver com estes olhos.
Eu fui ver um curral, juntamente com os animais que lá estavam, vivia uma família de seis e uma criança no berço. E quando eu entrava diziam: «olhe que cheira aí muito mal, não entre». Mas eu ia justamente para tirar o mau cheiro, e já está uma casa quase em meio ao pé daquele curral. Aquela família de sete já vê pôr vidros nas janelas, já vê outras casas semelhantes onde têm outros a mesma sorte contentes com a certeza.
Quem operou o milagre? A Justiça.
Onde está o dinheiro para pagar essa casa? Não é da minha conta. Da minha conta é, sim, colocar lá aquela família.
Irmãos queridos, vou-me embora.
Perdoai-me o atrevimento, mas eu termino como comecei. Eu não sei viver mais nada, eu não sei dizer mais nada, eu não sei sentir mais nada, senão o Pobre e este crucificado.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
PAI AMÉRICO