ERA O ANO I, N.º 23

Doutrina Social

Dirijo-me neste momento a todos quantos me escutam para lhes dizer que venho anunciar uma obra social já realizada e que muito interessa os habitantes da cidade do Porto. Trata-se da Casa do Gaiato das Ruas do Porto, sita na freguesia de Paço de Sousa, a uns 30 km desta cidade. É uma obra absolutamente original nos seus métodos. É uma palavra nova que se levanta em Portugal. É uma experiência baseada na própria natureza da coisas.

A criança abandonada, ou porque não tem família, ou porque esta é desqualificada, tem o primeiro lugar dentro da nossa organização. Tanto quanto possível, nós rejeitamos o órfão, somente porque é órfão. Rejeitamos a criança que traz indicação de ser muito bem comportada. Rejeitamos os filhos dos pobres, somente porque são pobres. A nossa especialidade é o rapaz de má nota, o pequenino que dorme nos palheiros, que vagueia nas ruas, que apanha comida nos caixotes do lixo, que tem o vício de fumar, que furta coisas nas lojas e nos mercados. Esta classe de rapazes é precisamente a que nós preferimos. A obra foi levantada de propósito para eles e eles, estes simpáticos vadiozinhos, são os seus filhos predilectos. 

Pai Américo