ERA O ANO I, N.º 15
Acta N.º 2
No dia 2 de Setembro fomos
visitar os nossos pobres que aqui à pouco falamos.
O de Bairros não estava lá e nós não pudemos ver do que ele precisava.
O de S. Lourenço continua na mesma, e, precisa de talheres para comer porque só tem um garfo.
O do lugar do Assento que continua na mesma doente, e parece a não durar muito tempo. Vamos comprar o colchão para este doente.
Já temos benfeitores que dão a sua cota mensal ou anual, como por exemplo:
Snr. Manuel Cunha, 100$00 por ano; Snr. Carlos Cunha, 100$00 por ano; Snr. Ângelo Marcos, 5$00 por mês.
Precisamos de mais benfeitores que dêem alguma coisa para comprar o que for preciso.
Um visitante também deu 10$00 ao Tesoureiro. Já temos na caixa um saldo de 35$00.
Precisamos de mais dinheiro para comprar grande porção de batatas que são agora mais em conta, e termos fartura para os nossos pobres.
Se ajuntarmos dinheiro para isso comprá-las-emos e guardamo-las no nosso celeiro para darmos aos pobres.
O Secretário,
José Eduardo
[Nota da Redacção: trata-se do embrião da futura Conferência Vicentina de Paço de Sousa]
Não acredito que os leitores fiquem indiferentes ao apelo do pequenino secretário dos nossos visitadores do Pobre. Se lhes não fazes o gosto da sua reserva de batatas e de feijão, que agora se podem obter para futuras distribuições, é que não compreendes a grandeza transcendente dos desejos destas crianças. Estropiados de ontem, eles querem ser curados como o coxo da Piscina de Betsaida. Se tu fores para eles, hoje, o que foi Jesus para aquele, naquele tempo, terás feito obra divina. Que estes abandonados dos caminhos não tenham ocasião de dizer - não tenho homem que me ajude, como se ouviu ao coxo do Evangelho; agora, que eles estão em boas condições de cura! Eu sozinho não posso. É tempo de levantar a mão; sustar a marcha da miséria social; renunciar à triste herança das gerações passadas; meter ombros, fazer músculo, erguer do chão, tirar dos cárceres públicos estes inocentes, colocá-los em condições de darem a seus filhos melhor sorte do que receberam de seus pais. Mas isto é obra de todos - Todos. Ora para tudo isto, não há nada como despertar neles sentimentos de bondade. Ouve e atende a voz do José Eduardo!
Pai Américo