
DOUTRINA
Um documento
Uma casinha muito pobre, um velhinho mais eu. Ele fixou com os seus os meus olhos e implorou: «Tudo quanto fizer no mundo, faça-o por amor de Deus». As coisas grandes aprendem-se dos humildes do coração.
Eu escutei o velhinho arqueado pelos anos e olhei naquela revelação a doçura mai-la terrível eficácia de tudo quanto se realize entre os mortais com este espírito de amor.
Ora leiam esta carta:
«Eu que em questões religiosas sou bastante céptica e nada praticante, gosto da Obra da Rua porque entendo que é preciso acudir a este desgraçado mundo em ruínas. Acudir educando, mais até do que dando o pão de cada dia. As instituições de caridade onde se dá o pão e não se cuida do espírito não me interessam. Sejam quais forem as crenças de cada um, felizes os que as têm arreigadas e firmes, felizes os que podem guiar corações dando-lhes um motivo por que vivam e sofram, um caminho certo, uma finalidade a atingir; e, especialmente, alguma coisa de superior que possa satisfazer a imensa necessidade afectiva das almas que não encontram no mundo o objecto digno do seu amor. Foi por isso que assinei O Gaiato e envio agora a minha pequena contribuição.»
Como equilíbrio, como sinceridade, como inteligência, como cristianismo, nunca vi. Ai senhoras que estais tão pertinho de Quem ainda não conheceis! Mas o caminho é este. Ali, os pontos delicados. Ali, a ânsia de viver.
A carta é de Lisboa. É de uma das grandes avenidas. É de um nome muito conhecido.
PAI AMÉRICO, O Gaiato, n.° 30, p 1