DOUTRINA
Recordo-me que em pequenino, justamente nesta quadra, foi superiormente ordenada uma procissão de penitência a certa igreja. O povo ia descalço. Não significa isso grande penitência, pois que era então e ainda hoje uso do nosso povo. Mas impressionava ver aquela massa de gente com roupas do domingoe sem nada nos pés! O povo fechou as portas. Os lugares despovoaram-se. Os caminhos iam cheios em direcção à igreja. Houve um sermão de penitência. O pregador, sem ninguém contar, chama pelas crianças, em cujo número estava eu. Manda-nos colocar juntinhos ao pé do altar principal e ali pergunta a Deus e quer saber que mal tinham feito no mundo aquelas crianças! «Nós sim. Nós merecemos o castigo», continua o pregador. Recordo que esta maneira de agir fez chorar toda a gente. O pregador foi muito feliz. Sentia. O povo também. E a verdade é que choveu! Era pequeno, mas jamais me esqueci.
Gostaria hoje de tomar parte em uma idêntica procissão, pois que também as circunstâncias o são. E tenho pena que se vá perdendo o costume de pedir a Deus publicamente, em acto de culto, aquilo que está em Suas mãos e vontade...
Padre Américo, De como eu fui... Crónicas de viagem, pp. 225-226