DO QUE NÓS NECESSITAMOS

Entramos num novo ano. Há 78 anos, Pai Américo entrava com três pequeninos mendigos das ruas de Coimbra numa casa muito pobre, que comprara sem nome, sem influência, sem prestígio, sem dinheiro. Podemos imaginar o seu contentamento ao dar uma pátria àqueles três pequenos sem eira nem beira, e, em esperança, também às chusmas deles que ele bem conhecia das ruas, dos tugúrios, dos caminhos, os quais, onze anos depois, eram já mais de quatrocentos. A sua descendência começara a constituir-se nesse dia 7 de Janeiro de 1940, uma enorme família que desde esses dias e pelos futuros se contará por um número incontável de filhos, gerados na dor e na abnegação mas também na alegria de os recuperar das ruas, "o lixo", tidos como perdidos.

Já anos antes e nos que se seguiram, assumiu as necessidades dos Pobres e, por isso, foram anos a pedir para eles tudo o que necessitavam: Os construtores de Obras assim não têm medo do dinheiro; eles sabem que Jesus o mandou retirar de dentro de um peixe para saldar contas com César. Onde quer que seja e onde menos se espera, encontra a gente o que precisa.

Por fim, ao cabo de dezasseis anos, a morte: Só uma coisa falta à Obra para ser verdadeiramente grande. É a morte do seu fundador. Parece brincadeira, mas não. É preciso que venha a morte. É necessário que eu morra e a Obra passe para as mãos dos continuadores... Eu sou a estrela cadente que apareceu na hora e desaparecerá na hora. Porém o firmamento fica e o nosso Bom Deus, acenderá mais constelações.

É preciso que estas constelações brilhem: Vai, dá o que tens aos pobres, segue-me e toparás um tesoiro. Tamanho, que somente depois da posse é que a gente acredita nele! Eis do que nós necessitamos.

Padre Júlio