
DA NOSSA VIDA
Paternidade
No seu tempo de criança veio visitar a Casa do Gaiato, integrada num grupo de alunos de escola primária. Pai Américo, à porta da nossa Aldeia, recebeu-os e, como era hábito nesse tempo, beijaram-lhe todos a mão. A memória gravou e guardou.
Há tempos atrás, outra senhora escrevera-nos contando que, em visita semelhante, também à mesma porta, foram acolhidos por Pai Américo que, com o gesto de lhe pôr a mão sobre a cabeça, os abençoou.
Em ambos os casos foram estes gestos marcantes para estas senhoras, então crianças, e percorreram todas estas décadas, até hoje, como um dom, recebidos de um Pai que estendia a sua paternidade também às crianças em visita, para além da exercida dentro dos muros da nossa Aldeia.
Depois do acolhimento a visita. O mesmo espírito familiar a acompanhar os visitantes, guiados pelos cicerones gaiatos a levá-los por todo o espaço da Casa que é a sua.
Esta é uma marca distintiva do nosso modo de viver que não se pode perder, apesar da diferença dos tempos, em que os gestos ganham ou perdem significado em valor e aceitação.
Presentemente as visitas terminam com a visualização de um filme, no nosso Memorial da Obra da Rua / Padre Américo, feito nos inícios da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, onde se retratam os momentos e as actividades da vida da Casa. É a vida desses tempos, nua e crua, que nos fazem recuar 80 anos.
No final, sempre a mesma reacção dos espectadores que nos toca profundamente – uma salva de palmas espontânea, o que comprova que a nossa Obra está, desde o seu início, no caminho certo: vida familiar, vida activa, vida participativa, caminhos em que a criança cresce, se desenvolve e é feliz.
A mudança para uma vida artificial, para que nos querem levar, oficialmente estabelecida, nem educa, nem sociabiliza, nem cria um ambiente familiar que nos faça felizes.
Pai Américo fez os seus estudos de joelhos, aprendendo com os Rapazes. Assim se fez Mestre e Pai para nós.
Padre Júlio