
DA NOSSA VIDA
Padre Carlos
É tempo de fazer memória de alguém que deu a sua vida servindo a Obra da Rua, o nosso Padre Carlos Galamba.
Nasceu em 18 de Setembro de 1925, pelo que se completam no dia 18 deste mês de Setembro que nos é dado viver, 100 anos do seu nascimento.
Padre Carlos nasceu sacerdote em Maio de 1954, cerca de dois anos antes do falecimento de Pai Américo. Teve por isso a graça de conviver com ele e de beber do espírito que o animava, de sorver a sua maneira de ser, de pensar, de agir e reagir, e até de gravar na sua memória palavras incandescentes que a boca de Pai Américo proferia e não deixava, pelo menos, ninguém indiferente. Certo é que para todos nós, Pai Américo deixou gravadas múltiplas experiências e leituras que fez do mundo do seu
tempo, vistas por um discípulo de Cristo que O interiorizou e exteriorizou por palavras, obras e trabalhos / preocupações da vida. Os rapazes e os pobres eram o seu mundo, que projectava para a sociedade a que também eles pertenciam mas a quem nela não lhes davam lugar.
O conhecimento é sempre incompleto, mas beber da fonte não é mesmo que
beber do leito do rio. Para o melhorar, resta-nos somar a ajuda da comunhão dos
santos, para que o conhecimento da obra de Pai Américo se adquira, para além
dos testemunhos, do sopro inefável do Espírito que sopra onde e como quer, sem
se saber de onde vem nem para
onde vai.
Acompanhei Padre Carlos durante alguns anos nesta Casa do Gaiato de Paço de Sousa, De toda esta vivência, salienta-se para mim um acontecimento, em que também estive presente, em que Padre Carlos assumiu Cristo ofendido, em que o seu rosto se tornou duro como pedra (como de Cristo profetizou Isaías). Para mim foi o sinal da sua proximidade com Cristo e a certeza das duras provações que teve na sua vida, extensivas a todos os Padres da Rua.
A rua nunca foi lugar de vidas faustosas e principescas, antes lugar de turbilhão, de confusão e de pobreza. A rua é o lugar dos pobres, do que se intui o porquê do nome que Pai Américo escolheu para a sua Obra.
Padre Carlos também escolheu esta mesma condição. Para trocar uma vida socialmente elevada por uma humanamente repartida por eles.
Padre Júlio