DA NOSSA VIDA
Família
Nos meses de Julho e Agosto, embora haja excepções, vários rapazes nossos passam por Casa a visitar-nos, uns mais sensíveis a um aspecto da vida outros a outro, mas todos irmanados num ponto comum: visitar a sua casa.
É também um momento de relembrar tempos passados, ir buscar à memória vida vivida e dada graciosamente para a construção do futuro deles que agora vemos concretizado, passados alguns ou muitos anos.
Neste breve encontro, ficamos por vezes surpreendidos pelo alcance social que muitos já atingiram, embora o tempo limitado em que decorrem estes momentos não nos permita aprofundar muito a partilha de vida.
No entanto, tomamos consciência do espírito de aventura bem português que os caracteriza, e que os levou por esse mundo fora, levantando em cada lugar onde vivem uma bandeira da Obra da Rua e de Pai Américo, não só em países mais desenvolvidos como também noutros mais pobres. Tal como Pai Américo fez a mesma experiência na sua juventude, vivendo fora outros tantos anos como os que vivera até aí na sua terra, e depois abriu horizontes para os seus rapazes no mesmo território de Moçambique, continuam alguns dos nossos na mesma mundividência.
Mais raramente, o motivo que os traz é outro: casarem ou baptizarem algum filho na nossa Capela. Foi o que aconteceu muito recentemente, com o André e a Daniela. Depois de termos combinado há muitos meses atrás cumprirem a vontade de terem a sua união matrimonial pela Igreja e o baptismo dos seus filhos, chegou o dia. Apesar de viverem no estrangeiro, o que tornou o processo mais trabalhoso e demorado, isso não foi impedimento para realizarem a sua aliança matrimonial diante de Deus e da Casa na sua comunidade actual, a que o André pertenceu durante a sua infância e juventude, e do baptismo do André e do Filipe, filhos de ambos.
A Casa do Gaiato foi e é uma referência para quem nela viveu, como sua casa de família, que não está livre de viver com as dificuldades que qualquer família pode ter, mas também com as alegrias e convicções com que esse espírito marca o coração e a inteligência de cada um.
Pena é que vivamos um tempo em que o Estado laicize tudo o que é espírito, e espírito cristão, impedindo que as forças vivas da sociedade desenvolvam abertamente os seus ideais, só permitindo que possa viver quem se enquadre nos limites pré-determinados pela sua legislação e pelo seu modus vivendi.
A todos os nossos rapazes e suas famílias a viver pelo mundo fora lembramos a palavra de Pai Américo, que nos convida à unidade, que a multiplicidade e diferenças não quebrem.
Padre Júlio