
DA NOSSA VIDA
Missão
Na edição anterior d'O Gaiato tivemos a oportunidade de fazer Memória do nosso querido Padre Horácio, por ocasião do seu falecimento, que ocorreu há 25 anos.
A Casa do Gaiato, para além da necessidade de poder contar com um padre, com a missão de ser pai de família, espera alcançar também uma senhora com a missão de ser mãe de família. A nossa Casa de Coimbra, em que Padre Horácio viveu a sua missão paterna ao longo de mais de 50 anos, contou também com duas senhoras, D. Maria da Luz e D. Maria do Rosário, a primeira acompanhando os Rapazes no nosso Lar de Coimbra e a segunda na Casa de Miranda do Corvo. Ambas deram na vida o seu dom maternal sem limites nem condições de qualquer ordem, pondo inteira confiança na palavra de Jesus e no pensamento de Pai Américo.
Para além destas figuras essenciais numa Casa do Gaiato, e dos Rapazes para quem Ela é, outras missões têm o seu lugar, mais que uma restrita função.
Num tempo em que a vida em família é tão desejada, mas as necessárias restrições para que a mesma viva e perdure são difíceis de aplicar, como a pouca disponibilidade para os outros membros da família e o afastamento do seu lugar central na vida pessoal, resulta que ao desejo contrapõe-se o pessimismo. Fica assim o modelo da vida familiar, de Jesus, Maria e José, a Sagrada Família, mais afastado da vida.
Mas é neste modelo que Pai Américo acreditava e nós acreditamos, que continua a ser o modelo de vida da Casa do Gaiato. Por isso, a Casa do Gaiato continua a ser um lugar de missão para quem a ela se dedica e nela vive. É descabida a sua existência como simplesmente um lugar de trabalho, onde os seus funcionários, técnicos ou funcionais, vão aplicar os seus conhecimentos ou, simplesmente, encontrar um emprego.
Os nossos Padres e Senhoras que já terminaram a sua vida terrena e viveram a sua missão na Obra da Rua até ao fim das suas vidas, não por sua iniciativa, mas por um chamamento vocacional, são merecedores do nosso total apreço como modelos para as nossas vidas.
Viver para os outros não é uma missão a que só no passado muitos se dedicaram, mas é uma missão para todos os tempos, porque a vida, que é humana, volta-nos para os outros.
Padre Júlio