DA NOSSA VIDA

Famílias

Um dos aspectos sempre valorizados em todas as Casas de acolhimento de crianças é o ambiente familiar em que devem viver.

Hoje em dia os conceitos de família variam, do tradicional ao nada parecido com este. De qualquer modo, nenhum é perfeito na sua realidade. Todos poderão ser semelhantes ao ideal, a Família de Nazaré, se couberem no seu modo de ser.

Poderão dizer que um padre teria de apontar para a Família de Jesus, Maria e José como modelo familiar, uma Família em que Deus está presente, não só espiritualmente, mas também de forma visível na Pessoa de Jesus de Nazaré. De facto, nesta Família, para além da relação pessoal e comunitária com Deus Criador, encontramos um relacionamento humano perfeito: ausência de toda a espécie de egoísmo, disponibilidade para dedicar a própria vida ao serviço do outro, concorrerem todos para o interesse maior da Família, ligação afectiva, fiel e comprometida entre os membros, a toda a prova.

Nas famílias comuns, naquilo que esteja longe deste modelo, pode não significar que isso seja mau, mas mostra a imperfeição dos que compõem a família e do seu conjunto. A partir de certo ponto, pela ausência de bons alicerces familiares, a família poderá começar a vacilar e pode chegar à autodestruição, do que não faltam exemplos nos nossos dias.

Talvez por não acreditar que se crie verdadeiramente um espírito de família nas Casas de acolhimento de crianças, quem tutela esta matéria desvaloriza-as, e promove a sua substituição por famílias de acolhimento.

Mas, também nestas, há imperfeição. Será que a dimensão mais reduzida da família de acolhimento trará vantagens para que a criança acolhida encontre mais família nestas? Poderá acontecer que em alguns casos sim.

Mas, o que parece contraditório, é criarem nas crianças das Casas de acolhimento regras que tendem para uma mentalidade individualista, impedindo a possibilidade da instauração e conservação do espírito familiar que, inicialmente, se desejava alcançar nas mesmas.

Esta é a nossa causa: que as crianças que acolhemos, sendo muitas ou poucas, sejam educadas para o respeito e serviço mútuo, sem prejuízo do seu crescimento e formação em vista do futuro, fundamentando a valorização dos critérios educativos não no individual, mas no bem comum. Este ajudará a aferir o que é melhor para a família e para o indivíduo.

Embora também imperfeitos, mas procurando o bem comum e, implicitamente, o bem individual, os nossos valorizam a sua experiência numa Casa do Gaiato e mostram o seu contentamento com a máxima que eles mesmos criaram: «Uma vez gaiato, gaiato para sempre».

Padre Júlio