
DA NOSSA VIDA
Pela vida
O mundo está em estado de alerta com as guerras que se desenvolvem e expandem. As pessoas andam apreensivas com estas e outras que possam rebentar.
Das imagens que delas vão sendo reproduzidas, impõem-se-nos aquelas que retratam crianças no meio da devastação, dos escombros resultantes do poder destruidor das armas. Se naquelas que ficaram feridas temos um espelho do sofrimento, em tantas outras vemos uma aparente indiferença perante o ambiente que as rodeia.
Podemos ser levados a pensar que sempre foi assim, que guerras e destruição sempre houve; que tudo há-de passar e voltar à normalidade anterior; podemos ir mais longe e pensar que a actual situação é inconcebível para a humanidade do século XXI, mas o certo é que esta situação está obrigando os países incrédulos a rearmarem-se.
Ufanos das suas capacidades, muitos idolatraram os extraordinários resultados obtidos, em consequência dos seus conhecimentos nas diversas ciências. Que vemos do uso que deles se fazem? Aplicados na guerra, para dominar. Isto sim, foi sempre assim. Continua a escalada da torre de Babel.
Em simultâneo, pelo meio, milhares de vidas ceifadas nas guerras e outros milhares ou milhões ceifadas por outras armas que não causam igual apreensão, resultado do poder discriminatório do egoísmo humano. Só em Portugal rondam 10 a 15 mil vidas por ano, com tendência para aumentar se os seus ideólogos levarem os seus intentos em frente.
É uma orquestração internacional como está bem de ver. O completo desrespeito pela humana vida dos outros, acentuado nos frágeis, pela acção das armas de guerra ou pelas armas não bélicas, do poder do forte sobre o fraco, só pode expandir os seus resultados. Não admira que andem ligados e consequentes na sua relação biunívoca, ambos os modos de matar e destruir.
O direito a viver não pode ser exclusivo para a vida entre dois limites de idade, um mínimo e um máximo, nem para o bom estado de saúde de qualquer ser humano. Como não é legítimo ou aceitável matar em nome da guerra, o mesmo critério deve ser usado para outras formas de tirar a vida humana a quem vive. O desrespeito pela vida numa situação, arrasta consigo o desrespeito noutras situações. A vida humana é sempre para respeitar.
Padre Júlio