DA NOSSA VIDA

A verdadeira alegria

A nossa Casa foi sempre muito procurada pelos pobres. Tantas vezes que Pai Américo começava o dia, após a sua oração da manhã, a receber pobres, que muitas vezes, vinham de longe procurar alguma ajuda para as suas muitas carências. Nos seus escritos transmite-nos essas experiências, fazendo doutrina e alertando os poderes públicos para as suas responsabilidades e as consciências de quem podia dar a mão, àqueles que, tantas vezes, viviam em situação miserável.

Os meios modernos, das novas tecnologias, vieram facilitar a comunicação dos pobres com quem os possa ajudar, evitando longas caminhadas. O contacto por telemóvel é já o modo comum de todos comunicarmos. Por e-mail, também vamos sendo postos a par de situações de pobreza e urgente carência de satisfação de necessidades primárias, sem dispensar a visita.

A mais recente que recebemos foi de um jovem adolescente que, na sua mensagem de e-mail, nos apresentou a situação da sua família:

«Eu sou o F., tenho 14 anos e moro em X, com a minha irmã (...) e com a minha mãe.

Sr. Padre eu venho pedir-lhe ajuda, a minha mãe está com muitas dificuldades económicas e já estamos a dever 5 meses de renda e a senhoria já não pode esperar mais, a minha mãe paga de renda 150€ por mês e infelizmente estes meses não conseguiu pagar e agora estamos nesta situação.

A minha mãe já pediu ajuda mas infelizmente ainda não puderam ajudar, já lhe deram o rendimento mínimo mas isso é o que dá para nós comermos e irmos para a escola.

Eu venho pedir ao Sr. Padre se pode ajudar-nos, eu ouvi falar que talvez esta instituição nos pudesse ajudar, a minha mãe já foi aqui ao sr. padre da freguesia mas ele não pode, só lhe deu um papel a dizer que ela tem a renda em atraso e que estamos a passar necessidades, não podemos perder esta casa, não temos para onde ir, e as casas estão muito caras. Eu quero ajudar a minha mãe, o meu pai deixou-nos, não sabemos dele, infelizmente virou toxicodependente e a minha mãe é sozinha. Por favor Sr. Padre Júlio ajude-nos.

Obrigada por a sua atenção

Uma mensagem assim, de um jovem tão novo, deixa-nos sensibilizados e preocupados.

Apesar disso, ainda teve que esperar um pouco mais de uma semana para podermos visitá-los. No entretanto, foi insistindo uma e outra vez, fazendo ver as dificuldades em que estavam, aumentadas com problemas de saúde que obrigavam a mãe a permanecer em casa.

Ao contrário dos nove leprosos, que não voltaram a Jesus para agradecer a cura que tinham alcançado, este jovem rapaz mais uma vez mostrou carácter: «Sr. Padre obrigada por o que nos ajudou, a minha mãe ficou sem palavras, de coração muito obrigada.»

É pena que nem sempre as freguesias (paróquias) cuidem dos seus pobres, acção que Pai Américo apontou como a melhor para cuidar dos seus, perdendo-se assim a verdadeira alegria.

Padre Júlio