DA NOSSA VIDA

Do Mal

São tantas as ameaças sobre a nossa cabeça nestes tempos que vivemos, que se torna claro quantos desvarios o ser humano é capaz de provocar. Convencido da sua capacidade de dominar, a seu belo prazer, tudo e todos, isento de humildade no seu pensar e agir, não se poderia esperar outro resultado que não este.

A primeira grande falha está na falta de respeito pela vida. Falhando aqui não mais poderá endireitar-se. E os homens falham quando dispõem dela como de outro bem qualquer, segundo os seus interesses.

Os desequilíbrios provocados nos factores ambientais, na escandalosa desigualdade no consumo de bens mais ou menos essenciais a todos, eliminam qualquer possibilidade de que a humanidade viva com alguma harmonia e paz. Vivendo uns contra os outros e destruindo o anseio de viver que aniquila uma imensidão de seres humanos, criam um ambiente de relação selvagem ou, quando muito, de aparente segurança.

É esta aparência que vai alimentando a parte da sociedade dos que se sentem seguros, nada fazendo para alterar a situação de clivagem da sociedade, aumentando ao invés, cada vez mais, a sua opulência, como que considerando uma perda de tempo cuidar dos marginalizados, iludindo-se como se de uma selecção natural se tratasse.

Com tanta capacidade destrutiva, parece já não haver possibilidade de retorno. Se tudo estivesse nas mãos dos homens, que é o que muitos pensam, a linha mediana da história o confirmaria, isto é, o mal se sobreporia ao bem. Mas tal não é possível.

Ao Bem

Aquele que criou o céu e a terra, que dá a vida e a retira;

Aquele que deixa o arrogante implodir na sua arrogância;

Aquele que dá a vida e o pão àquele que morre de fome pelo desprezo dos que vivem na abundância;

Aquele que dá a vida àqueles a quem ela lhes foi negada;

Ele conduz a história humana sempre em favor do Homem e de todos os homens que criou.

Apesar do peso que trazemos sobre as nossas cabeças, o alívio definitivo é uma certeza. Para quem crê a vida nunca acaba, apenas se transforma para mais vida.

Padre Júlio