
DA NOSSA VIDA
Não haverá nenhuma razão objectiva para que Caim tivesse matado o seu irmão Abel. Este era um homem bom para com todos e amigo de Deus. Porque cometeu então Caim este assassinato? Só porque se sujeitou ao poder do mal que o tentou pela inveja, nada mais.
Ao longo dos tempos a tentação persiste nos filhos de Adão, tentações que culminam muitas vezes na morte; hoje também não lhes somos incólumes.
Caim queria para si o bom e o melhor, dando somente aos outros e a Deus o que para ele não tinha qualquer proveito. O seu irmão Abel dava o melhor do que tinha, e isso foi-lhe atribuído como mérito. Isto desagradou profundamente a Caim, gerando nele sentimentos que abriram o seu coração ao tentador que lhe deu razões e força para aniquilar o seu irmão.
No grande problema com que se defronta a humanidade hoje, tanto quanto posso concluir do que vou ouvindo, vendo e lendo, o Povo ucraniano e o Povo russo dão-se como irmãos. Prevalecia a simpatia entre estes povos. No entanto, alguém os lançou um contra o outro, e agora matam-se e destroem as suas vidas contra o que seria naturalmente o seu desejo e o seu querer, resultado da mentira de um inimigo comum.
Em muitos países onde não há guerra, há muitos anos que um inimigo comum semeou neles o joio da mentira para aceitarem, sem "pestanejar", a morte de muitíssimos inocentes ainda no seio de suas mães. Tão sub-reptícia foi esta manipulação, que se espalhou e se instituiu legalmente, com a força que é típica das ervas daninhas ruins. Estes acontecimentos da Rússia / Ucrânia, deveriam servir para se abrirem os olhos para se perceber o poder da mentira e ter ouvidos para escutar as vítimas desta mortandade silenciosa mas terrível.
Não ficam por aqui os objectivos que estes semeadores de morte pretendem alcançar. De facto, estão sempre relacionados com a morte - física, espiritual e até do pensamento, anulando a liberdade individual de objecção de consciência.
Porém, a morte não tem a última palavra. É sempre a vida e a verdade que prevalecem. O mundo gira, mas a Cruz onde a morte é vencida, permanece.
Não há-de ser em vão que esta indesejada diáspora acontece. Mulheres e crianças, tidos como os mais fracos dos seres humanos, darão o seu testemunho de vida pelas terras por onde hão-de passar. Sendo as crianças uma grande parte do todo que constitui a população da nação ucraniana, farão com que muitos se interroguem e redescubram o valor da criança amada no seio familiar e a forte ligação à família e à terra pátria e mãe. Têm sido muito fortes os testemunhos deste Povo sofredor. Que a Páscoa que se aproxima lhe seja um acontecimento renovador.
Padre Júlio