
DA NOSSA VIDA
138.º aniversário
Quando vemos nos meios de comunicação social o modo como nascem algumas crianças no nosso país, ficamos atónitos e sem palavras. Quando existem as melhores condições para nascerem, e isso acontece em situações de improviso, do que podem resultar grandes males para a mãe e o filho, vejo isto como um sinal de desprezo pela vida.
Vem este desabafo a propósito do aniversário de nascimento de Pai Américo, do qual celebramos 138 anos de tão querido acontecimento, a 23 de Outubro.
No seu tempo, o nascer e o morrer aconteciam no seio da família, para o que procurava, certamente, o melhor aconchego e acompanhamento. A falta de condições provocaria muitos acidentes, mas se eles acontecem hoje maior é a responsabilidade humana.
Nascer num estábulo não é local desejado para tal acontecimento, mas foi sinal de compaixão para com os Pobres que nasciam em condições precárias. Jesus teve o amor extremo de Sua Mãe e de Seu Pai adoptivo e dos outros Pobres convocados a se alegrarem com o Seu nascimento.
O nascimento de um ser humano é sempre um hino à vida, mesmo que aconteça num lugar de morte provocada pelos homens; é um acontecimento com que todos se deveriam alegrar. Notamos essa alegria nos bombeiros que, ao levarem as mães para darem à luz num hospital, têm a surpresa de verem nascer as crianças na sua ambulância, chamados assim a tomar parte neste momento comum, mas irrepetível.
O futuro de cada criança que nasce é singular. «Quem virá a ser este menino?», perguntavam os vizinhos de Isabel, mãe de João Baptista.
De Jesus não surge tal questão, porque o que de mais importante é em Jesus está presente na Sua concepção e no momento do Seu nascimento, e também nos vários anos da Sua vida e na morte: Filho único de Deus.
O ser humano, de criança faz-se homem ou mulher e, em cada volta que o mundo dá, vai-se amadurecendo, para o bem ou para o mal. A liberdade com que é dotado permite-lhe determinar-se. Em Américo Monteiro de Aguiar demorou a chegar o momento crucial em determinar a sua vida, foi ao chegar aos 38 anos de idade, quando ingressou no Seminário Maior de Coimbra. Os pretéritos anos não foram «anos perdidos», como disse, expressão que talvez tenha usado para marcar a diferença de qualidade entre o antes e o depois, pois foram um substracto muito importante para os seguintes.
É assim que a história de Pai Américo não termina com o seu falecimento, mas continua fora do tempo, para que nós que ainda estamos nele percebamos melhor e possamos beneficiar com a proclamação da sua presumível beatificação e canonização. Temos esperança que estejam perto esses momentos, esperados por muitos que o admiram na sua vida de Padre e de Pai dos Pobres, e de espelho que reflecte a bondade de Deus e a Sua preferência pelos pequeninos.
Manuel Pinto
Foi um, da primeira fornada, dos rapazes que responderam à chamada do Pai Américo para se entregarem ao serviço de um sector da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, no seu caso no escritório da oficina da tipografia apoiando em vários serviços.
Foram longos anos neste serviço à Obra da Rua. Enquanto a saúde lhe permitiu vinha nos últimos anos de actividade, ainda que fosse metade do dia, ocupar o seu lugar em colaboração com os mais novos, fazendo-o com a sua boa disposição habitual.
O Manuel Pinto foi agora chamado a um novo lugar, que ele aspirou ocupar no decorrer da sua vida terrena, um entre muitos lugares que Deus tem preparado para os Seus filhos. Um intercessor, por ele e por todos os membros da Obra da Rua e de seus Amigos, na vida terrena e na vida de Deus, encontrou renovada resposta ao desejo de ter todos os seus filhos no Céu — Pai Américo.
Foi em dia litúrgico da Virgem Santa Maria do Rosário que teve a graça de Deus o chamar; era dia dedicado à Mãe do Céu que Manuel Pinto tinha presente no seu dia-a-dia.
Padre Júlio