DA NOSSA VIDA
Pai Américo
Corria o ano de 1887. Em 23 de Outubro desse ano nascia Américo Monteiro de Aguiar. Cerca de seis décadas mais tarde, com a aglutinação de Pai, o seu nome passou a traduzir o sentir dos seus muitos filhos adoptivos e de muitos admiradores devotos, confirmando-o na plena realização da sua vocação: Pai Américo.
O apelido de sua mãe, Rodrigues, não ficou registado no seu, como muitas vezes acontecia nesse tempo. No entanto, mais tarde, chegou a usá-lo na sua matrícula no Instituto Comercial e Industrial do Porto. Num tempo em que era muito pouca a assistência médica disponível, foi sua mãe que encontrou o remédio para que o pequeno Américo, com 3 anos de idade, vencesse uma pneumonia que o invadiu nesse Inverno rigoroso. Os tempos, meios e costumes eram tão diferentes dos de hoje!
Ele era o mais novo de 8 irmãos. Famílias grandes, escassez de recursos materiais, dificuldades a vários níveis, era o ambiente social em que nasceu e viveu, o que não o levou, ao invés da tendência de hoje, para o isolamento e egoísmo; pelo contrário, abriu o centro dos seus interesses em colmatar, remediando, as injustiças que via.
Foi assim que na sua vida, despontou um ideal humanista projectado no carácter sobrenatural do homem, no qual veio a implicar toda a sua vida: amar o seu semelhante, com predileção pelos Pobres, porque nestes descobria e recebia as mais sublimes riquezas.
Inebriado por este ideal, «não tinha tempo para perder tempo», como disse. A um ritmo alucinante, foram ganhando corpo as suas inspirações de bem fazer: Colónias de Praia e Campo, Lar do ex-Pupilo dos Reformatórios, Casas do Gaiato, Património dos Pobres, Calvário. Foram 27 anos intensos, tantos quantos os da sua vida de padre, carreando os bens necessários para a concretização desta Obra com multifacetadas feições, mas com um denominador comum: dar pão que é alegria, esperança e novos horizontes aos desvalidos, e outro tanto aos que não carecendo de pão para a boca, careciam de alimento para o espírito.
Por fim, o fim último de todo este labor: levantar a dúvida aos que não acreditam em Deus e dar mais alegria aos que acreditam. Foi este o seu propósito desde o início desta nova vida: «Hoje, porém, vejo a verdade e quero convencer os que deixei. Com argumentos? Inútil. Como então? Subindo para que me vejam. Subir como? Desprendendo-me do que tenho e do que sou.»
Na celebração do seu aniversário de nascimento, 134 anos volvidos, todos nos alegramos com Obra que, pela graça de Deus, criou e fez desenvolver. E também pelo testemunho e luz que ela foi e continua a ser para a vida de uma imensa multidão de pessoas que dele bebem o sentido mais enriquecedor e feliz da vida. Grande é a abundância de frutos da sua vida, e entre eles podemos contar os milhares de rapazes que cresceram e se fizeram homens integrados e construtores da sociedade do seu tempo.
Parabéns Pai Américo com a nossa gratidão.
Padre Júlio