
DA NOSSA VIDA
Métodos
O nosso mais novo deixou-nos. Regressou para junto do pai. Foram 6 anos que esteve connosco. Muitas dificuldades, especialmente escolares, foram sendo debeladas a pouco e pouco. Outras ainda não. É mais um filho que vemos partir, talvez prematuramente. As dores da separação repetem-se pela enésima vez. O futuro? A Deus pertence, no quadro humano das tribulações. Pela idade é um momento crítico da sua vida. A facilidade em fazer amizades, até aqui apreciada por todos, levanta algumas questões sobre o que poderá vir a acontecer. O seu fundo bom aquieta-nos.
Temos uma mãe que nos pede, há dois ou três anos, para recebermos o seu único filho. Ela é mãe solteira. Quando pequeno, vemos com bons olhos que esteja junto da mãe. Achamos melhor ajudá-los materialmente. É o que temos feito desde a primeira hora. Mas ela insiste. E nós vamos-lhe explicando que não nos deixam. Mesmo que esteja na nossa vontade recebê-lo, não o podíamos fazer. O tempo passado em que os rapazes abandonados chegavam aqui pelo seu pé acabou há muitos anos. Depois vinham de outras maneiras. Agora, só poderão chegar através dos serviços do Estado, que concen-
trou em si a colocação das crianças e jovens em instituições e famílias.
É claro que elas estão em situações diversas. Algumas com um estado de alma desequilibrado. É muito difícil levar a árvore à verticalidade quando já está muito desenvolvida. O natural na vida é começar de pequenina a ser cuidada para que não cresça torta.
O avanço das ciências hoje, encurralaram a mentalidade de muitos, especialmente dos decisores públicos, impedindo-os de se abrirem às potencialidades inatas e espirituais do ser humano. As técnicas eclipsaram-nos, tal como ao valor mais intrinsecamente humano – o amor. Este é o recheio que deve encher o íntimo de todo o ser humano, especialmente naqueles de que vimos falando.
Esta era a técnica de Pai Américo, para quem técnico é aquele que ama.
Resultados! O que terá a ver com isto o aumento de jovens marginais, e cada vez mais novos em idade? Parece ser mais grave nos países mais desenvolvidos. Mas, não há rapazes maus, no pensamento e dizer de Pai Américo. O que os faz maus são os métodos que se lhes aplicam. É salutar que se dê espaço ao que é da natureza do ser humano: a família, a liberdade e a partilha de vida.
Padre Júlio