DA NOSSA VIDA
Vida?
Disseram-me, que alguns senhores deputados de um Organismo europeu, denominado Parlamento Europeu, estão de acordo entre si para que se torne um Direito Humano a possibilidade de tirar a vida às crianças em gestação no seio de suas mães, sem restrições. Se termos leis que cobrem legalmente o aborto, já de si uma ofensa grave à vida humana, então que dizer de dar livre arbítrio à mulher que está a gerar, para optar por deixar o seu filho nascer ou não, em qualquer situação? Olhando a Declaração Universal dos Direitos do Homem, onde tal direito se pretende integrar, concluímos que em todos os seus Artigos se defende a vida, de todo e qualquer ser humano, independentemente de qualquer característica particular ou social que naturalmente o caracterize. A não ser que considerem haver ser humano só quando já vive à luz do dia! Então o que é esse ser um minuto antes de nascer?
Os ataques à vida humana sucedem-se; dá a impressão que querem extinguir parte da espécie humana para ficar só quem o intenta. Não aconteceu já isto no passado?
Para que possam levar a sua vontade avante, querem também impedir que os profissionais de saúde não possam negar, por objecção de consciência, a sua participação na realização de abortos, sob pena de não poderem exercer mais a sua profissão.
Isto é fora de tudo o que é humanismo. Isto é uma luta contra todo e qualquer valor humano, dos quais o primeiro é o direito à vida.
Claro que é inaceitável este negacionismo do direito à vida, que nos faz recuar milénios na história da humanidade.
Os sonhadores de uma humanidade em crescendo, em maturidade e beleza, vêem agora um retrocesso impensável nas determinações, até legais, que pautam o que é bem e o que é mal na vida social e pessoal: «Grande é a poesia, a bondade e as danças. Mas o melhor que há no mundo são as crianças».
Se o actual inverno demográfico enregela cada vez mais com o passar dos anos, temos agora mais uma causa fortíssima para que se acentue, caso vá sendo aprovada esta orientação nos vários estados europeus, com possíveis contágios a outros, facilitados por interesses e domínio.
Jesus Cristo mudou o paradigma do sentido da vida, dando realce ao espírito em detrimento da matéria. Foram precisos séculos de história para que esta mudança avançasse, lentidão própria da inércia humana. Entretanto, este processo de humanização vem sofrendo um retrocesso nas últimas décadas, com rápidos recuos, muito facilitados e sub-reptícios.
O convívio social baseado no amor fraterno está em risco. Quem ama a vida tem de lutar por ela, responsabilidade para que todos são convocados e a agir.
Padre Júlio