DA NOSSA VIDA

Tivemos em nossa Casa, por uns dias, um grupo de jovens católicos denominado Grão, que anualmente nos vem conhecer e connosco conviver (são sempre jovens diferentes), para depois irem melhor preparados para uma experiência numa actividade ad gentes, ultimamente, do que é nosso conhecimento, na nossa Casa do Gaiato de Benguela. Este ano irão para uma paróquia de S. Tomé e Príncipe.

O seu objectivo é levar Jesus Cristo àqueles com quem vão estar, pela partilha de amizade e de experiência de vida mútuas. A quantidade de tempo que dedicam nessa missão é reduzido, mas não deixa de ser enriquecedor para a vida futura destes jovens e de algum alento para aqueles com quem conviverão.

No contexto social em que actualmente vivemos, é de realçar o sentido que estes jovens vão dando às suas vidas a despontar para a responsabilidade no bem comum, que a todos é devida.

Quando vemos que muitíssimos outros e outras jovens, apostam tudo na busca de êxito e projecção social, lutando numa constante superação de si mesmos nas actividades em que projectam as suas vidas, mais nos eleva a atitude destes jovens do Grão e de outros de grupos similares, cuja realização pessoal passa necessariamente pela partilha das suas vidas no serviço aos outros, especialmente os pobres.

O mundo está cheio de carências, mas são poucos os que se dedicam a este serviço ao Pobre. A par dessas carências há um outro mundo de abundância onde muitos mais procuram chegar. Por isso, neste grande desequilíbrio, torna-se mais difícil a tarefa de servir, pelo que tem de ser mais radical e forte o ânimo que impele os servidores dos pobres.

É de uma pequena semente que nascem as boas obras, e estão destinadas a serem grandes as que assim nascem e permanecem nesse espírito. No estender dos ramos, onde se cria a sua estrutura, torna-se visível o desenvolvimento da semente que antes germinava em lugar escondido. É preciso por isso valorizar os pequenos passos, dados ainda com grande desconhecimento dos grandes que se irão dar no futuro.

À semelhança dos que se aplicam em se superarem para alcançar os louros das vitórias com projecção social, como é preciso que os ceifeiros da seara imensa do trigo e do joio se empenhem na sua vocação de serviço aos pobres, sem nada para dar em troca! Eles são tantos, e esperam por uma mão.

De um lado temos as obras humanas e do outro as divinas. O êxito destas está no segredo divino as tornar humanas. (Pai Américo).

Padre Júlio