
DA NOSSA VIDA
Vida
Neste momento os nossos mais novos são dois. Enquanto tínhamos só um, tudo era pacífico. Depois, veio o segundo e alguma turbulência começou a existir. A necessidade de intervir foi aumentando e, parece-me, atingimos agora uma fase de acalmia.
Em qualquer família é normalíssimo existirem picardias entre os irmãos mais novos. Já no meu tempo era assim...
Estes comportamentos exigem dos pais uma dose boa de paciência num substrato amoroso. Mas, como normalmente têm ambos uma vida de trabalho à maneira do nosso tempo, ficam sem essas condições básicas para educar mais que um filho. Então optam por não os ter ou delegarem em outrem, em parte, essa missão.
É mais que evidente a carência de crianças neste nosso país. Pelas razões antes ditas e por outras, não se vê que esta situação venha a ser invertida no longo prazo. Essas outras razões, têm fundamentalmente a ver com uma mentalidade descrente nos outros (as), tantas vezes fundamentada. Assim, chegada a hora natural de constituir família e de ter filhos, tal não acontece, estabelecendo, muitas vezes, relações efémeras onde não cabem os filhos. Outras razões justificam esta situação, mas fico-me por aqui.
Passou-se assim, em poucas décadas, do 80 para o 8, sem que ninguém se considerasse, nos nascidos em famílias grandes, a mais na vida. Antes pelo contrário, o apelo à vida é forte em todos, ainda que grandes carências possam ter experimentado.
Também em nossas Casas em território Luso, se deu esse grande decréscimo no número de Rapazes que compõem as nossas comunidades. Muito gostaríamos que não fosse assim, mas não está na nossa mão alterar esta situação.
Ao invés, nas nossas comunidades africanas, racionalmente conjecturando, são sempre mais que o razoável os que as constituem. Outras mentalidades e outros ambientes estão na base desta situação.
Seguindo outros critérios, diferentes dos que as estatísticas usam para qualificar uma sociedade mais feliz, diria, por experiência, que o gosto em viver encontra-se mais num ambiente mais populoso ainda que mais pobre, do que num ambiente escasso de pessoas ainda que mais rico. De facto, a verdadeira alegria não se encontra no possuir muitas coisas mas, antes de tudo, na paz e confiança partilhadas com os outros.
Voltando aos nossos mais pequenos, a alegria que desfrutam a maior parte do tempo, não tem a ver com as coisas materiais que possuam, embora também precisem delas, mas da comunicação entres eles de experiências da vida e objectivos, que interessam a ambos. Há mais alegria e gosto pela vida quando esta se pode comunicar com um igual.
Padre Júlio