DA NOSSA VIDA 

Viu e acreditou

Quando lhes disseram que haviam levado o Senhor do sepulcro e que não sabia onde estava, os discípulos João e Pedro correram para lá. Tendo aquele chegado em primeiro lugar, não entrou, mas debruçou-se e viu as ligaduras que estiveram envoltas no corpo de Jesus, no chão. Só depois de Pedro entrar é que João também entrou: Viu e acreditou.

Viu, sem ver com os olhos, mas naquela ausência teve a compreensão do que ainda não tinha entendido, que Jesus havia de ressuscitar dos mortos. Porque viu, acreditou.

A vida do discípulo de Cristo passará a ser vivida nas intermitências entre o ver e o não ver, entre o sentir a presença ou a ausência, mas sempre acreditando que, embora escondido não está ausente.

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Deus não faz mais nada senão amar. Amar as suas criaturas. Amou-nos por Seu Filho de maneira a não nos perder. Todo aquele que ama, ainda que só como torcida fumegando, não se perderá.

Este amar é servir aqueles que carecem do fundamental para viver. Foi isto que Jesus fez na Sua vida terrena e continua a fazer, Ressuscitado.

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Por muito que façamos é sempre pouco e à nossa escala. Em tudo está a descoberta do rosto de Cristo nos Pobres e nas suas carências à semelhança do ver e acreditar do discípulo João. Também nós temos muito que não entendemos.

Apesar de os meios serem hoje muitos, o entender das coisas de Deus continua a dar-se à mesma luz. Apesar de também os Pobres se servirem desses mesmos meios, também as suas carências se mantêm inalteráveis. Assim aconteceu há dias quando recebi um e-mail onde nos era pedido ajuda numa difícil situação: «tou a passar muitas dificuldades tenho meu frigorífico vazio... me pode ajudar por favor tou desesperada». Nessa mesma tarde corremos para lá. Também por telefone ou sms's chegam carências. A todos nos fazemos presentes no momento adequado. Damos de graça o que de graça recebemos.

Padre Júlio