DA NOSSA VIDA

Esperança

Mais um Tempo de Advento que nos é dado. Consoante a época que se vive, o pensamento humano orienta-se mais para uma particularidade ou outra deste grande acontecimento em que o Advento desemboca - o Nascimento do Filho de Deus que incarna a nossa humanidade.

O Advento tem sempre uma resposta para as particularidades da vida humana em cada tempo, porque todas elas são assumidas pelo Menino Deus. Ele é a resposta para as dúvidas e anseios do homem de todos os tempos e circunstâncias.

Houve tempo, em tempos que nos são próximos, em que o Menino era o pólo de atracção do coração de cada um, pela Sua inocência, simplicidade e promessa. Esperar a Sua vinda era esperar a vinda de uma criança que vinha trazer esperança a um mundo que vivia, na generalidade, com dificuldades materiais e sobrecarregado no trabalho. O Menino era a promessa de uma vida mais desafogada e feliz, com menos carências materiais e impedimentos sociais na concretização do sonho de cada um.

Mudadas as circunstâncias, em que se esbateram as carências, se instituiu o supérfluo e se multiplicaram os desperdícios, o Advento viu desviada a sua finalidade, de preparação para o acolhimento da Promessa, para a concretização imediata de desejos. De uma vida marcada pela esperança passou-se para outra centrada no momento. Como o Advento e o acontecimento para que ele aponta nunca podem ter no tempo a sua plena realização, logo se conclui que sofreram, nestas circunstâncias, um importante desvirtuamento.

Os tempos actuais interpõem-nos entre estas duas mundividências. A necessidade de voltar a dar lugar ao sonho para a superação das circunstâncias difíceis que se vivem, e o sonho é esperança, pede que seja dado lugar ao Menino, que Se fez tal por causa de nós. Uma esperança que se alarga até à finalidade última da Sua missão.

O Advento tem pois pleno cabimento na vida concreta do homem, de ontem e de hoje. Nada no mundo nasce concluído: em tudo há um desenvolvimento a fazer e uma meta a atingir. O Advento é a espera de um Bem para a vida do mundo, não um Bem qualquer mas o próprio Bem em Pessoa. Uma espera que se repete todos os anos como alimento para a vida, repetido como todo o alimento, que não se toma de uma só vez.

Depois da esperança virá a realização. Será a chegada que a esperança prometeu.

Padre Júlio