DA NOSSA VIDA

Encontros

A vontade de Deus é o homem livre. A tal ponto, que as condições para o Encontro de Deus com o homem não dependem do lugar, nem da altura nem da profundidade. A Comunidade crente reúne num lugar em que todos se congregam, mas cada membro participa no Encontro a sós com Deus, por vezes de surpresa, inesperadamente, dispondo da liberdade de filhos de Deus.

Imerso nas problemáticas dos homens, Deus vai convidando os que Lhe são atentos ou cheios de boa vontade, a despertarem e se empenharem numa vida comunitária cheia de riqueza humana, a darem passos para que essa riqueza não fique guardada somente no coração de quem O escuta mas seja partilhada, especialmente com os desanimados da vida. Desde há milénios que o mundo vai sendo humanizado a partir destes Encontros singulares. Hoje prosseguem, e como são precisos! O homem do mundo tende, por incrível que pareça, a se desumanizar, à sua casa e à sociedade em que vive. E faz isso repetidamente, embora pretenda alcançar o contrário. À medida que vai criando mais riqueza material, vai, paralelamente, instalando maior miséria humana. Os nossos dias não são diferentes dos passados, antes o acentuam.

As vocações para o serviço humanizador do mundo nascem no coração de Deus e comunicam-se ao coração dos escolhidos. Deste modo nascem as Obras humanas de sabor divino, e os seus executores são felizes na sua doação.

A Obra da Rua nasceu neste contexto, do Encontro a que Pai Américo chamou de «martelada», que o fez entrar em terrenos de plena liberdade humana - deixou tudo o que tinha e fazia para se entregar sem limites aos horizontes que se lhe abriram. Deu-se. Fez-se pobre. Um impelido.

Por necessidade, os seus continuadores não faltaram. Os anos vão passando e eles aí estão, prontos como na primeira hora, acreditando e avançando. Embora o tempo cumpra a sua missão, eles vão-se renovando sem que se destrua nada daqueles que antes foram jovens.

Chegados ao dia de hoje, o Senhor do tempo enviou-nos um novo sacerdote, o Padre Alfredo, para que a Obra da Rua continue a dar frutos em proveito dos pobres, a renovar neles a humanidade que os equívocos dos nossos contemporâneos vão destruindo, a dar alento aos desanimados. Isto é Obra de Deus com participação humana.

Padre Alfredo, no seu Encontro, em pleno percurso de vida sacerdotal, decidiu acertar agulhas no horizonte do seu serviço à humanização do mundo. Ser sal da terra e luz do mundo não é um privilégio mas um mandato a cumprir. O serviço dos pobres e dos rejeitados dá força ao sal e intensidade à luz.

Padre Júlio