DA NOSSA VIDA 

Pai Américo

O mês de Julho é, para a Obra da Rua, o mês de Pai Américo. Não haverá quem lhe tenha alguma ligação que lhe não dirija, ao menos, um pensamento neste mês. Agora, declarado Venerável, por maioria de razão ficou avivado e se terá alargado o número dos que admiram a sua Obra, a sua pedagogia e todo o testemunho que nos deixou edificado e escrito, e dos que, sensíveis à comunhão dos santos, anelam ver declarada a sua fama de santidade.

De facto, Pai Américo não foi essencialmente um filantropo ou um altruísta. Ele foi um cristão de «virtude comprovada», como reconheceu o Papa Francisco ao declará-lo Venerável, que viveu num nível de heroicidade as Virtudes, nomeadamente as Teologais - Fé, Esperança e Caridade - e as Virtudes Cardeais - Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança. Em tudo se manifestou um homem de Deus no meio dos seus semelhantes, merecedor de veneração e honra porque, em tudo o que foi e fez, nos remete para Deus.

Só Deus dá perenidade às obras humanas, sem Ele fenecem e, como um sopro, desaparecem. Em tudo o que fazia, Pai Américo agia e só queria agir por mandado de Deus, em nada queria que aparecesse o seu eu, como sublinhava: «O Padre Américo é um manietado... Vai. Impelido. Cumpre o mandado. É Deus que escolhe a hora. Que escolhe o lugar. Que dá o toque. Que ajuda a realizar e termina a realização... É preciso que se compreendam estas verdades eternas para não atribuir as obras, a pessoas que não são os autores. Nós somos apenas os executores».

As suas obras, humanas, tinham sabor divino, aparecendo nelas uma e outra coisa. Sendo a justiça a mãe de todas as virtudes humanas, Pai Américo teve-a como primazia do seu pensamento e acção, deixando na sua vida um rasto de fome e sede que dela sentia. Era às «tocas escuras» e aos «antros de miséria moral» onde queria que ela chegasse. Ali não se poderia esperar encontrar luz e moralidade, nem pregá-las; somente com justiça e verdade se poderia alterar tal estado de coisas. Nesta sua revolução pacífica impunha-se falar a quem tinha poder e meios para tal: «Nós temos que falar às autoridades. Se a autoridade não está com a justiça e com a verdade, não tem autoridade». «O pobre honrado, aquele pobre de quem eu me ocupo... não quer uma transferência de riquezas, não inveja, não deseja. O que ele quer é a justa e adequada distribuição delas».

Justiça e verdade, virtudes e realidade: «Se nós tivéssemos começado no princípio deste século... em vez de pôr e sobrepor, pôr e sobrepor... dissessem: vamos ao quinhão dos pobres. Nós hoje cantávamos vitória.»

Próximos de mais um aniversário da sua partida para o Céu, em 16 de Julho de 1956, passados que são 64 anos, tendo em conta não ser possível fazer as tradicionais celebrações devido à epidemia que se mantém, resolvemos propor a todos quantos puderem e quiserem aceitar este convite, que participem na celebração desta data, escrevendo um pensamento de Pai Américo ou um sobre ele na nossa página do Facebook (facebook.com/Casa.do.Gaiato/) no próprio dia 16 de Julho. Será uma bela forma de fazer memória da experiência de vida de Pai Américo, que continua a enriquecer a Igreja e, por via dela, a todos os cristãos e homens de boa vontade.

Padre Júlio