DA NOSSA VIDA
Este, que vivemos, é um momento histórico que ficará, indelevelmente, a marcar a vida e o tempo dos nossos contemporâneos. Falo da epidemia que grassa e que é incontornável.
Certo é que nos últimos anos têm sido várias as epidemias que têm surgido no planeta dos homens. No entanto, até esta que agora nele se estende, iam ficando confinadas a fronteiras limitadas. Mas, devido à muito grande mobilidade de pessoas por todo o planeta, agarrou-se-lhes, tornando-as os portadores e disseminadores da epidemia, transformando-a em pandemia.
As outras epidemias, me parece, desenvolveram-se em países pobres, ficando praticamente a eles restringidas e os infectados neles circunscritos.
Também na doença se manifestam as desigualdades sociais, nas causas das doenças e na amplitude que adquirem.
Para nós, que sabemos que a mundividência tem tido estes efeitos ao longo da história, sabemos também que os homens não têm sido capazes de lhe alterar o rumo. Impõe-se repetir o apelo, que tem sido constante, à mudança dos critérios de vida, pelo que só assim chegará ela a ser mais humana para todos.
Entrados no Tempo litúrgico da Quaresma, dele o mesmo convite a uma efectiva mudança de vida, pela rejeição de modelos onde o egoísmo domina em detrimento do Pobre carente do mais básico para viver.
Enquanto escrevo, recebo uma sms convidando a lavar as mãos com frequência. Sim, tenho de o fazer, por mim e pelos outros. Mas também me faz pensar naqueles que, neste e em muitos momentos e lugares, não têm água sequer para beber. Que fazer, já que o que pensar todos sabemos o que é preciso?!
O Pobre está no nosso meio e em todos os lugares da terra, como sinal eficaz por onde obrigatoriamente passa a extinção de todas as epidemias. Mais atenção ao Pobre, mais amor ao Pobre. Ele é a porta que pode abrir o mundo para horizontes de vida nova!
Padre Júlio