DA NOSSA VIDA
80 anos
Naquele dia chuvoso e frio, de alma dilatada e quente, entrou Pai Américo com os primeiros três gaiatos na Casa que inicialmente nomeou de Casa de Repouso do Gaiato Pobre, porque inicialmente pensada para os Rapazes da Rua mais débeis. Não muito tempo depois, dá-lhe o seu nome definitivo de Casa do Gaiato. Uma Casa deles, para eles, por eles. Um modo de vida querido assim porque alicerçado no Nome de Jesus, não no de qualquer homem. Por tal motivo, confiante na Sua Providência e Graça. É na Sua Cruz que radica a confiança e a entrega. Quem assume este lema, assume participar por inteiro no seu fundamento, a Cruz.
Decorreram já 80 anos desde esse dia
7 de Janeiro de 1940. Foi uma guerra transformadora e edificante que Pai
Américo começou a travar perante um estado letárgico de miséria e morte a que
estava votada muita gente Pobre e seus filhos. Tanto o ambiente local como o
internacional favoreciam esta letargia. Pai Américo, porque seguro no Nome que
o impelia, venceu todas as resistências e a desesperança dos homens: «Sem nome,
sem influência, sem prestígio, sem dinheiro; destituído de todas aquelas
qualidades que fazem girar no mundo homens e ideias, eu realizei eficazmente os
meus desejos, que são justamente os do garoto da rua:
- dar-lhes pão, sol, largueza, asas. Comprei uma casa para eles - descobri um
novo mundo.»
Este mundo novo é o que não usa os critérios daquele que gira por atributos humanos. Embora outro, tem este como lugar querido, objecto de enlevo, dedicação e doação. Por esta descoberta, Pai Américo confirmou o sentido de doação da sua vida e a presença nela d'Aquele que cria do nada tudo o que é necessário aos seus preferidos, os Pobres.
É este espírito que comanda a vida da Casa do Gaiato. Sendo o Pobre o objecto da sua acção, nenhum outro interesse se lhe sobrepõe.
Coincidindo com esta data tão significativa, 80 anos da Obra da Rua, tivemos a Proclamação de Venerável a Pai Américo, sinal tornado explícito pelo Santo Padre Francisco, já visível pelos que o conheceram em vida e por todos os que viram as obras que deixou, pois é pelos frutos que se conhecem as árvores.
Deste modo, o sinal que foi a vida de Pai Américo estende-se a outros que, de outro modo não o viriam a conhecer. E conhecê-lo é abrirem-se à descoberta do mundo novo que Pai Américo descobriu e transmitiu.
Padre Júlio