DA NOSSA VIDA
Confiança
O Pai da nossa Casa do Gaiato de Malanje, o nosso padre Rafael, esteve envolvido num acidente de automóvel quando regressava de Luanda a sua Casa. Os acidentes são sempre imprevisíveis, por esse motivo, apanhou-nos completamente de surpresa.
O padre Rafael é a cabeça deste corpo comunitário, pelo que a sua ausência não se deve prolongar por um período que exceda o aceitável. É certo que está presente o nosso padre Telmo, que foi a Angola para resolver questões burocráticas, e que outro dos nossos padres se poderá fazer presente por algum tempo, mas a referência paterna não se perde: o padre Rafael.
A ausência do Padre da Casa, como costumamos dizer, reduzimo-la ao mínimo indispensável. Nem o próprio padre fica descansado quando tem de o fazer. Alguns de nós, não largam o telemóvel para saber se a vida vai correndo normalmente e dar a ajuda pontual à distância. O padre da Rua vive para os seus e sofre, continuamente, com os seus.
Nestes previsíveis tempos de ausência, por maior razão, os seus Rapazes de Malanje terão de fazer jus ao lema que orienta a nossa vida: Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes. Eles na sua missão dinamizadora e de responsabilidade na vida quotidiana da Comunidade, especialmente aqueles que, por natureza e atribuição, têm maior grau nessa responsabilidade.
É isto que o padre Rafael espera dos seus Rapazes, correspondendo neste momento difícil às necessidades que a vida for apresentando, assumindo cada qual a tarefa que lhe compete.
Os problemas são certos para quem esta vida vive. A tarefa do crescimento humano e a diversidade de opções que se podem ter na vida, implicam esforço e empenho nem sempre assumidos e rectamente orientados. A cada passo confrontamo-nos com «os problemas de cada um». Perante os problemas, que tantas vezes pareciam insanáveis — «a inteligência das coisas terrenas» ou o tino dos problemas que a realidade evidencia e que fazem esmorecer a alma - Pai Américo depressa dava a volta ao seu ânimo, enchendo-se da «loucura» de Deus: «Os problemas de todos, e o meu também, ficam num instante resolvidos... Senhor de Misericórdia, não retireis jamais da minha inteligência a loucura do Divino!»
É certo que acresce a estes, o problema de que vivemos numa sociedade secularizada, onde não se quer a presença do Divino. Sacristia, outra vez se quer a Igreja na sacristia. Parece até que, segundo as sondagens, a maioria assim pensará. As ferramentas para conduzir as mentalidades são hoje muito poderosas. Mas, onde a obra aí o seu autor. Nós somos obra de Deus e o nosso Autor não anda longe. Ainda que O queiram relegar da vida, negarão aquilo que desejam. Não retireis jamais Senhor, «a loucura do Divino» da nossa vida!
Padre Júlio