DA NOSSA VIDA
Seriedade
Fazer de cada Rapaz um homem é o desiderato principal a atingir pelos nossos trabalhos e canseiras. Estarem preparados para se inserirem na sociedade onde vão viver, capazes de gerar a sua própria família e os bens para a sua independência económica, são das nossas preocupações com Eles.
Primeiro o estudo, para se capacitarem a ter as ferramentas com que se tornarão sustentáveis e autónomos. Simultaneamente, o adquirir hábitos de trabalho, que é o mesmo que dizer estarem prontos para a vida concreta e prática, pessoal, familiar, profissional e social. Tudo isto num ambiente de saudável autonomia em liberdade, para que desejem ser activos e responsáveis nesses vários planos em que se desenvolve a vida humana. Por fim, e nessa a principal motivação, sintam e vivam a partir de valores humanos e espirituais, que farão deles homens respeitados aos olhos dos outros e filhos queridos aos olhos de Deus. É a aplicação da máxima de Pai Américo, de que vale mais a alma do que o corpo, embora o maior valor daquela não anule o valor deste.
A sociedade nos seus múltiplos paradigmas, deveria contribuir, a nosso ver, para este desiderato da Casa do Gaiato com os seus Rapazes. Mas será que é assim?
Quanto ao estudo, necessariamente sério e responsável, é o que se pretende atingir com o laisser passer que predomina, pela inexistência de verdade nas avaliações finais dos alunos? Um dos nossos, como exemplo, um tanto fraquito, esteve na contingência de perder dias de férias na nossa casa da praia caso não obtivesse aprovação escolar. Andou muito preocupado perante este risco, mas ganhou direito a férias plenas na praia porque o transitaram de ano. O sistema escolar não o chamou à responsabilidade, ao contrário de nós que o confrontamos e voltaremos a confrontar no próximo ano perante a perda que ele não quer que lhe toque. É caso para dizer, que água benta cada um tem a que quer ou precisa.
Quanto à preparação profissional, tão importante para o bem-estar dos indivíduos, será que basta frequentar um desses ditos cursos e aproveitar-lhes somente o grau escolar, deixando menorizada a qualificação? É que, de facto, nem sempre a qualificação corresponde à pretendida pelo estudante. E porque não começar mais cedo no percurso escolar? Também aqui é preciso mais verdade nas coisas.
Quanto aos valores, outros mais altos se levantam. Os que importava desenvolver, valores humanos e espirituais, são importantes porque responsabilizam cada um perante os outros e perante Deus. Mas, mais modernos são a indiferença e o individualismo, onde cabe todo o tipo de escolhas pessoais e a irresponsabilidade perante os outros. São vidas sem alma em corpos sem vida; vegetando.
Cada Rapaz nasce para crescer e vir a ser um homem realizado. Vale que nem todos perderam este sentido, e que muitos continuam nesta senda, contra a maré.
Padre Júlio