DA NOSSA VIDA
D. Maria do Rosário
Conheci a D. Maria do Rosário há 30 anos na Casa do Gaiato em Miranda do Corvo. Era o saudoso Padre Horácio o Pai daquela família. Também a D. Maria da Luz partilhava o seu dom materno com os Rapazes que habitavam o Lar de Coimbra, dedicado fundamentalmente à preparação escolar dos mesmos.
O ambiente social era o da época, com fortes traços de ruralidade que imperava na sociedade fora das grandes cidades.
Frequentava eu o Seminário de Coimbra, preparando-me para o serviço presbiteral na Obra da Rua, pelo que era frequente a minha visita à Casa de Miranda do Corvo. Sempre que aconteciam, invariavelmente encontrava a D. Maria do Rosário a cuidar das roupas dos Rapazes, eles que ao tempo rondavam entre as nove e as dez dezenas.
Desde muito nova, começou a dedicar a sua vida neste serviço de uma família Pobre, à qual se entregou incondicionalmente. Os anos correram ligeiros e a D. Maria do Rosário chegou agora ao termo dos seus trabalhos nesta vida, simples e humilde.
Não há vida humana isenta de erros e convulsões. A morte será, porventura, a sua consequência necessária. Todos passamos por uns e por outra. Ela, a morte, é a libertação definitiva de tudo o que em nós é insensatez para nos tornarmos homens novos, como a nossa fé nos faz crer. Não é a morte que nos salva, mas a morte de Cristo que nos liberta.
Esta era também a condição e a fé da nossa D. Maria do Rosário. Mas, como o caminho da fé se faz também com mediações humanas, Pai Américo representou para ela, na sua idade juvenil, um convite e um forte apelo a seguir, a que a D. Maria do Rosário se entregou de alma e coração. Isso significou não pôr condições pessoais na entrega da sua vida, antes dispor de si com uma disponibilidade sem reservas da serva que conhece o seu Senhor e se entrega para cumprir a Sua vontade.
Nos tempos que vivemos e nos que virão, embora o ambiente social seja composto por outras realidades e ambições humanas, confiemos que outras mulheres hão-de vir a responder com a disponibilidade da D. Maria do Rosário para o serviço dos Pobres, especialmente na Obra da Rua. Se os erros e convulsões são uma constante na vida humana, também a Graça de Deus o é. Que este fermento esteja sempre presente e cumpra a Sua missão.
Padre Júlio