DA NOSSA VIDA

Eles são tão diferentes uns dos outros! Como alguém dizia, «temos cinco dedos na mão e todos eles são diferentes». É nesta envolvência de vida com os Rapazes que a nossa se vai desenrolando. Desde os que assumem as suas responsabilidades e tomam iniciativas para resolver as questões que se nos põem, até aos que se contemplam permanentemente a si mesmos para satisfazerem os seus desejos egocêntricos, passando pelos que compreendem que têm compromissos a cumprir perante os outros mas não querem ir além dos mínimos, são posições de uma panóplia de seus modos de estar na vida, em comunidade.

Dos primeiros colhemos alegria, conforto e ajuda para os trabalhos, e dos outros um sentimento mais ou menos doloroso, mas também um fruto de omissão pelo quanto eles e todos poderíamos crescer e realizar. Não são de contar os trabalhos e canseiras para levar por diante a diversidade com que permanentemente nos inquietamos. São uma necessidade no mundo e também sinal da divisão que há-de convergir para a unidade.

Na própria sociedade não se foge a estes mesmos modos de estar. E, para além disso, há posicionamentos em sentido oposto, de poderes a contrariar iniciativas particulares, as quais têm todo o mérito e cabimento. É o desejo de ter poder mais do que o de servir.

São sempre os mesmos que aparecem, são sempre os mesmos que fazem, é costume concluir-se quando o trabalho a levar em frente não oferece compensações imediatas ou palpáveis. A livre iniciativa em favor dos outros tem um valor incalculável porque é livre e gratuita.

A gratuidade e a generosidade nascem num coração que ama ou, pelo menos, num coração que se exercita no difícil caminho do desprendimento pessoal. Este estado de espírito é o ambiente interior necessário para servir os outros, o qual liberta e responsabiliza.

Liberdade e responsabilidade, dois conceitos que devem andar sempre a par, factores de crescimento pessoal e comunitário. E também devem ser equivalentes em peso para serem mais profícuos. O serviço pressupõe ambos, enquanto a sede de poder os aniquila.

Bem-aventurados os que já se esquecem de si mesmos e põem o seu anseio em servir, porque encontraram o caminho da vida para si e o abriram aos outros.

Padre Júlio