DA NOSSA VIDA
D. António Francisco
Deixou-nos o Pastor desta Diocese do Porto, transcorridos somente três anos no exercício do seu múnus de serviço e amor ao rebanho que lhe foi dado cuidar, neste período de tempo.A sua ligação à nossa Obra vem já do tempo da sua juventude, enquanto seminarista, quando transportava consigo aquela semente que, na sua relação connosco, a nossa Obra ajudou a germinar e a confirmar no caminho vocacional em ordem ao sacerdócio ministerial, conforme as palavras da sua boca no-lo deram a conhecer.
Confirmados por esta sua experiência e porque sabemos que, normalmente, é neste ambiente que se dá o encontro entre a interpelação que uma necessidade levanta e a resposta que uma vontade disponível lhe dá, que pedimos aos nossos bispos o envio de seminaristas teólogos, para virem durante algum tempo tomar parte na vida das Casas da Obra da Rua, fazendo neste contacto o confronto entre os apelos que latejam no seu íntimo e os que da Obra ecoam. António Francisco, seminarista, encontrou neste mesmo confronto pessoal um efeito consolidador da sua vocação sacerdotal, para uma resposta afirmativa ao convite de Deus. E a dádiva da sua vida firmou-se até ao fim.
Também certamente por esta ligação, mas não só, enquanto Bispo do Porto, acompanhou de perto o desenrolar da vida da nossa Obra, e também, de uma forma muito empenhada, o Processo de Beatificação de Pai Américo, em curso. Os temas da Obra da Rua e de Pai Américo eram uma constante no seu diálogo com a nossa Obra mas também com a sociedade e a Igreja sempre que a sua palavra de Pastor se justificava.
D. António Francisco era pois um Pastor que vivia no meio do seu rebanho, tinha «o cheiro das ovelhas», atitude que o Papa Francisco tem como fundamental na vida dos Pastores da Igreja, e por isso mesmo partilhava as alegrias da vida do rebanho, mas também tinha obrigatoriamente de sofrer os choques que sempre se formam quando, na vida das pessoas, se criam polos de tensão nas suas relações e responsabilidades.
Tinha também como sua preocupação constante, a necessidade de novos padres para o trabalho da Obra da Rua. Não chegou ainda nenhuma resposta a esta nossa necessidade vital, mas continuamos a esperar que esse, que era também seu desejo, se concretize. A vocação não se impõe, ela resulta do apelo de Deus dirigido àquele que Ele escolhe e da decisão livre deste. Tantos outros apelos se fazem ouvir para confundir o que é chamado, mas uma resposta séria e verdadeira não será confundida.
Temos muitas luzes que já se acenderam no Céu. Agora uma mais se lhes juntou.
Padre Júlio