Da Nossa Vida
16 de Julho
Nos seus 61 anos vividos depois da partida de Pai Américo para junto de Deus, que ele serviu e teve como seu Senhor, a Obra continua, querida por muitos mas também incompreendida pelo desconhecimento de uns ou indesejada à conveniência de outros. Pelos frutos se conhece a árvore ou pelos ramos se conhece a cepa a que eles estão ligados. Não queremos outra árvore, nem queremos outra cepa a que Pai Américo se manteve ligado.
O dia de Pai Américo é este, 16 de Julho, como costumam dizer os Rapazes. E é também, por participação, o dia de todos aqueles que lhe seguiram as passadas, participantes, como ele, do dia que não acaba. Estão na primeira linha os Padres que fizeram da sua vida uma oferta total e incondicional na mesma fé e serviço, como também as Senhoras, os Rapazes, os Benfeitores e todos os que acreditaram na autenticidade e perenidade da Obra que as mãos de cada um moldaram, acarinharam e alimentaram para que se conservasse com vida.
Esta palavra misteriosa de Pai Américo - «a minha obra começa quando eu morrer» -, é uma inversão ao sentido que a vida tem para o comum das pessoas. De facto, mesmo acreditando que a existência não se resume àquilo que comummente é dado ver, fica sempre no espírito do ser humano como espaço misterioso, a comunhão acreditada entre os que caminham e os que já chegaram ao termo da caminhada. Porque misterioso, não pode ser dominado por uma compreensão limitada, mas pode encontrar o assentimento do espírito e da inteligência.
Por isso, apesar de todas as dificuldades e carências que para os obreiros, de dentro e de fora, são motivo de incompreensão e anseio, de interrogação e expectação, a Obra prossegue, gerando frutos que nenhuma outra obra feita em ambiente de redoma onde só o humano entra, pode gerar. Também é verdade, nesse sentido, que a Obra perderá vitalidade se o espírito dos que nela labutam fechar os canais a essa comunhão, que é o seu principal sustentáculo e a explicação para a já citada palavra de Pai Américo, de que a Obra começou (diria, recomeça continuamente), quando se apagou a sua acção material.
Se a seara é grande não só pelo número dos seus elementos, é-o cada vez mais pela complexidade das carências e dos trabalhos a realizar, onde o Senhor dela a vai assistindo, sem nunca lhe dar todos os meios que ao pensamento dos obreiros parecem necessários, pois a colocariam em risco de entrar na redoma da auto-suficiência humana.
É assim que o verbo pedir é palavra que caminha a par com o ser da Obra, sempre, o sinal concreto da sua pobreza, dependência e abertura à comunhão. Daqui a expressão de Pai Américo «a nossa riqueza é a nossa pobreza», a qual traduz outra inversão ao sentido da vida no comum das pessoas.
Padre Júlio