Setúbal
Castelo Branco
As nossas Amigas de Castelo Branco voltaram, de novo, em peregrinação a esta Casa. Algumas, trouxeram os maridos. Outras, pela primeira vez, vieram sozinhas ou porque os esposos não quiseram e, ainda, algumas viúvas
- Se me quiser cá, virei ajudar. - Expressavam, assim, a alegria própria sentida pela beleza do ar que respiravam, pela paz que sentiam e pela atracção de fazer o bem.
A romagem começou aos pés do Senhor, com a Santa Missa, abrilhantada com os cânticos dos Rapazes e a quem (O Senhor) todos, em seu coração, ofereceram o que eram, o que tinham e o que traziam para a Casa do Gaiato, por amor d'Ele:Vários garrafões de azeite daquela zona, azeitonas, petiscos caseiros da região, mimos de toda a qualidade que lhes brotavam espontaneamente do íntimo, muita roupa e calçado, numa alegria quase transcendente.
Dei-lhes ordem para revistarem tudo, que a Casa do Gaiato era sua, tanto o bom como o mau.
Toda a gente me perguntou pelo António. Este era uma criança semicega que o tribunal entregou à mãe, a qual a D. Isaura criara como um filho seu. Menino muito afectivo, simpático e inteligente!.. «Que será dele?!» Lamentavam! «Quanto vos terá custado?!» Deus poupou a sua mãe adoptiva a este desgosto, levando-A para um novo Céu e uma nova Terra.
Naturalmente que não esquecemos a D. Maria do Rosário que encetou, há muitos anos, esta peregrinação; nem o padre Horácio que, pelas beiras, com os vendedores d'O GAIATO semeou tão frutífera seara.
O dinheiro é muito caro. Custa muito a arranjar por gente que não é rica, mas mesmo assim, iam chegando aos cinco mil euros, fruto das e dos peregrinos, bem como de muitas e muitos que a eles confiaram as suas ofertas.
Da Diocese de Setúbal, só o Seixal, pelos dias natalícios, no tempo do Padre Zé Augusto, fez romaria deste cariz.
Espero e peço ao Senhor que estes Cristãos, isentos ainda de muita influência laica, se não deixem cair em desalento ou desleixo e que, quando a D. Fernanda perder as forças, haja alguém que lhe tome o leme.
Fátima
Neste centenário das aparições de Nossa Senhora, quisemos também, ir àquele Santuário Religioso com os nossos Rapazes e Catequistas. Cinco Rapazes não quiseram ir, mas, os que aceitaram o convite, regressaram cheios de alegria pelo que viram, rezaram e sentiram.
Era quinta-feira, dia do Corpo de Deus! Um feriado bem fundo na alma portuguesa, dava liberdade até aos que estão empregados e trabalham fora.
Os Catequistas tomaram a direcção da romagem, já que os Rapazes, habituados à minha voz e às minhas prelecções, saboreiam melhor outra forma e outro tom de lhes ser pregado o mesmo Evangelho. Mais, ainda, os Catequistas não têm com os Rapazes os atritos educacionais a que eu, como pai de família, estou sujeito. O seu carinho é mais leve e os seus convites mais aceites.
O Nosso autocarro e o nosso Hélio transportaram-nos todos juntos, rezando o Terço, com intervalos para explicarmos aos Rapazes a característica das regiões, as espécies de culturas e a beleza da paisagem, até perto do Santuário. Num desvio de autoestrada parámos para lanchar, ir à casa-de-banho e esticar as pernas.
Chegados, dirigimo-nos à Capelinha das Aparições, onde pensávamos celebrar. Porém, indicaram-nos que dentro de breves minutos, haveria missa na Basílica da Santíssima Trindade. Então, rapidamente nos dirigimos para lá e concelebramos com o Sacerdote do Santuário e uma grande multidão.
O presidente da Eucaristia, teve a delicadeza de me apresentar no fim da Missa. Esta fala provocou alguns Lisboetas presentes que me lêem n'O GAIATO e vieram contentes, à Sacristia conhecerem-me de perto e manifestarem-me alegremente o seu empenho nas minhas causas, com carinho e aplauso.
Fomos ainda, antes do almoço, à Basílica Velha, onde os Rapazes e eu, de novo, admirámos não só a majestade do Templo, mas, também, as maravilhosas pinturas do tão nosso amigo autor que, ao longo dos anos tem enriquecido com a sua arte, não só a nossa Capela e a nossa Casa, como nos tem dado trabalho de carpintaria e acompanhado com uma afeição única e perene.
O almoço, uma salada fria de feijão-frade com cenoura, atum, cebola vermelha da nossa quinta a mistura com salsa, foi um regalo, à sombra de uma magnífica cobertura moderna, com mesas e bancos para acolher os peregrinos, num dos parques alcatroado e dirigido para veículos.
A mesma comida sobrou para o jantar, num estacionamento da via, já em Santarém ao pôr-do-sol.
Após o tardio almoço, os Rapazes com os seus Catequistas, fizeram a Via Sacra, pelos Valinhos até ao Calvário Húngaro, meditando os passos dolorosos do Senhor que tanto atraíram os Pastorinhos.
Como o Sambinha sofre de deficiência motora, alguns, à vez, levaram-no às costas, lembrando - diziam eles - o Cireneu de Jesus.
Encontrámo-nos em Aljustrel - os meus joelhos não permitem sacrifícios tão longos - nas casas dos Santos Videntes.
Verifiquei que todo este ambiente religioso, tem influência benéfica, não só em toda a gente, mas, também, nos nossos Rapazes, oriundos, alguns deles, de meios ímpios.
Fátima, é Fátima. Naquele Santuário, respira-se o odor Celeste da Mãe de Jesus e Nossa.
Que Ela ajude os nossos Rapazes a estruturarem-se, como Cristãos, no mundo laico, cada vez mais desumano.
Agora, o nosso Terço ao fim do dia, tem mais eco!
Padre Acílio