CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
Como é que podemos ajudar
Estamos a passar e vamos ter pela frente tempos difíceis.
Embora seja bom que se faça o voto de que "Vamos ficar todos bem", mesmo que este voto se concretize, não vamos ficar todos bem da mesma maneira. Há uns que vão ficar melhor do que outros e há os que vão ficar pior porque perderam algum ente querido, ficaram sem o seu emprego, tiveram que fechar a sua empresa, a sua saúde foi seriamente afectada, não conseguiram progredir no seu percurso escolar como outros que puderam ter melhor acompanhamento no estudo em casa do que eles, etc., etc.
Face a isto o que é que podemos fazer para que estes tempos difíceis não criem, nem agravem mais desigualdades?
A resposta a esta pergunta terá que ser encontrada por cada um, no contexto em que vive e trabalha e com as pessoas com quem se relaciona, mas há uma coisa que é certa, no meio de todas as incertezas do presente e do futuro. Essa coisa que é certa e que a pandemia tornou mais clara é que precisamos uns dos outros, precisamos de ser mais comunidade do que aquilo que temos sido até agora.
Construir comunidade pode fazer-se de muitas maneiras. Vai aqui um exemplo, de entre muitos, de como isto pode e está a ser feito em resposta à pandemia em curso. Os meios de comunicação social têm dado muito destaque aos casos de lares de idosos onde a pandemia entrou. Infelizmente não têm dado destaque nenhum aos milhares doutras organizações sociais que cuidam de idosos, de crianças, de pessoas com deficiência e doutras pessoas vulneráveis onde a pandemia não entrou. Ora se aqui a pandemia não entrou, não foi por acaso. Foi porque tem havido um grande esforço por parte de quem dirige e trabalha nestas instituições e da comunidade envolvente no sentido de prevenir este risco. Este esforço tem incluído, entre outras coisas, mais em melhor comunicação de boas práticas entre as pessoas que dirigem e trabalham nestas instituições e a colaboração que conseguem mobilizar das comunidades envolventes.
Por isso, estarmos mais atentos às necessidades dos outros que estão em situações vulneráveis, comunicarmos mais e melhor sobre o que pode, ou já está a ser bem feito para responder a essas necessidades e congregar esforços nesse sentido é aquilo que podemos dar como certo para uma resposta eficaz às incertezas e dificuldades do presente e do futuro.
Que esta pandemia, com todo o sofrimento que está a trazer para quem é afectado por ela, também traga para estes e para os outros esse sentido de que temos que construir mais e melhores comunidades onde quer que vivamos.
Américo Mendes