CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

O SERVIÇO AO PRÓXIMO CUSTA — Começamos esta crónica com uma saudação e um agradecimento, do fundo do coração, à D. Lisete Paranhos Oliveira reeleita para um segundo mandato como Presidente do Conselho Central do Porto da Sociedade de S. Vicente de Paulo, órgão que coordena as cerca de 300 Conferências Vicentinas da nossa diocese. A D. Lisete é um exemplo de muita dedicação ao próximo quer como vicentina na Conferência da sua paróquia, no concelho de Valongo, quer nestes anos em que tem servido em várias funções no seu Conselho de Zona e no Conselho Central.

Os Vicentinos e o mundo em geral precisam de exemplos assim. Pelo país fora e no resto do mundo tem-se vindo a alastrar uma onda cada vez maior de ressentimento. Cada vez mais pessoas estão descontentes com a situação em que se encontram e procuram culpados para isso. Não está em causa as pessoas estarem descontentes e manifestarem esse descontentamento por meios legítimos, mas há aqui dois problemas. Em vez de quem está descontente atirar as culpas todas para os "eles" que consideram como sendo os causadores desse descontentamento, deveriam perguntar-se o que é que têm feito e que está ao seu alcance fazer, por pouco que seja, para combater as causas desse descontentamento.

Combater estas causas passa necessariamente pelo serviço ao próximo, sobretudo o que mais precisa da nossa ajuda. Ora o serviço ao próximo é uma coisa que custa fazer. Temos que fazer sacrifícios para isso e fazê-los de uma forma desinteressada. Temos que sacrificar o nosso tempo. Temos que sacrificar o nosso dinheiro e os nossos interesses individuais. Isto custa muito. Por isso, é que há muitas pessoas ressentidas, mas muito menos pessoas que lutam, das formas que estão ao seu alcance, para combater as causas desse ressentimento.

Outro problema que também aqui acontece e que só agrava a situação é que muitas pessoas com ressentimento contra a situação em que vivem atiram as culpas desses males para "falsos culpados" e colocam as suas esperanças em "falsos profetas" quando deviam fazer a pergunta que os apóstolos fizeram a Jesus Cristo e seguirem a resposta que Ele lhes deu: "Senhor, a quem iremos?" (Jo 6, 68). Como sabemos essa resposta resume-se no amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Fazer isto custa, custa muito, mas é o único caminho a seguir se quisermos lutar por um mundo melhor.

Américo Mendes