CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
DAR COISAS
Quando esta crónica chegar aos nossos leitores o Natal já estará muito próximo. Por isso, antes de mais, queremos desejar um Santo Natal e um Bom Ano Novo a todos vós e às vossas famílias, sempre muito gratos pelo que partilhais com os que mais precisam, através do trabalho da nossa Conferência Vicentina.
Este sentido de partilha do Natal anda muito esquecido, ou foi mesmo invertido na sociedade em que vivemos. Se Deus, quando encarnou, nasceu nas condições materialmente muito pobres em que nasceu, foi, com certeza, para nos chamar a atenção para o facto de que não são as condições materiais em que vivemos o que mais conta, mas sim o Amor que deveremos ter uns pelos outros, partilhando com eles o que temos, por muito pouco que seja aquilo que materialmente temos para partilhar.
Por isso, um sentido profundo do que é o Natal não é dar coisas, nem querer receber coisas. No Natal até podemos dar coisas e receber coisas, mas desde que isso não seja um esbanjar de dinheiro, mas sim um símbolo desse Amor que deveremos ter uns pelos outros, especialmente por aqueles que mais dele precisam e de quem ninguém ou poucos se lembram.
Num encontro em que estivemos há dias de várias Conferências Vicentinas, cada uma relatou o que se propõe fazer nesta época natalícia. Praticamente todas referiram iniciativas do género de cabazes, ou de ceias de Natal, mas com o propósito principal não de dar coisas, mas sim de ir, com isso, visitar quem não pode sair de casa e precisa de alguma companhia, ou de promover o reencontro e o convívio de quem também precisa desse carinho e companhia.
É verdade que, nesta época do ano, vai havendo iniciativas destas nas famílias, ou por acção de Vicentinos e doutras organizações sociais. O problema é que isto não é preciso só no Natal. É preciso ao longo de todo o ano. Ora aqui é que está o mais difícil. Fazer uma vez no ano ainda se faz. Fazer todos os dias do ano custa muito mais, mas é assim que deve ser.
Por isso, que Deus nos ajude a sermos capazes de, todos os dias do ano e não só no Natal, darmos aos outros não principalmente coisas, mas sim o Amor de que eles precisam, especialmente a quem mais este estiver a faltar.
Américo Mendes