CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

O CONTÁGIO DA PAZ — Olhando para o que se passa por cá e por esse mundo fora, e também para o que Evangelho nos diz nestes dias, hoje apetece-me falar da construção da paz:

"Quando entrardes em alguma cidade ou aldeia, procurai saber de alguém que seja digno e ficai em sua casa até partirdes daquele lugar. Ao entrardes na casa, saudai-a, e se for digna, desça a vossa paz sobre ela; mas se não for digna, volte para vós a vossa paz." (Mt 10, 11-13).

A este propósito, muito melhor do que as minhas palavras, apetece-me transcrever aqui as da Venerável Madeleine Delbrêl (1904-1964), uma francesa que dedicou a sua vida ao serviço dos pobres em bairros operários da periferia de Paris. Filha e neta de trabalhadores dos caminhos de ferro, foi baptizada e fez a primeira comunhão, mas depois, até aos 20 anos de idade, abandonou a fé católica. Regressou a ela nessa idade para depois a viver intensamente ao serviço dos pobres.

Não resisto a transcrever aqui o que ela tão bem escreveu e viveu sobre a construção da paz.

"Em cada curva da estrada há pequenas guerras, tal como em cada curva do mundo há grandes guerras.

Em cada curva da nossa vida, podemos fazer a guerra ou fazer a paz.

E é para fazer a guerra que nos sentimos perigosamente construídos.

Se o nosso vizinho não for nosso irmão, rapidamente se torna nosso inimigo [...].

É por isso que só os filhos de Deus são totalmente pacíficos.

Para eles, a terra é a casa do Pai celeste.

Tudo na terra é deles, incluindo o próprio chão.

Sim, de facto, a terra é uma pequena casa de seu Pai.

Não desprezam nenhuma parte dela, seja continente, ilha, nação, pátio, sala, praça, passeio, escritório, loja, plataforma, estação.

Há ali um espírito de família [...].

Os olhos dos pacíficos são benévolos e os seus companheiros de viagem aquecem-se neles como diante de uma lareira.

Nunca têm razões para lutar, porque se sabem responsáveis pela paz, e a paz não pode ser defendida com batalhas.

Eles sabem que a divisão de um único átomo pode desencadear guerras cósmicas.

E sabem também que existe uma cadeia entre os seres humanos e que quando uma célula humana é despedaçada pela raiva, o ressentimento, a amargura, o fermento da guerra pode repercutir-se até aos confins do Universo.

Mas, porque acreditam na difusão do amor, sabem que onde há um pouco de paz, há um contágio de paz suficientemente forte para invadir a terra inteira.

Por isso, alegram-se de duas maneiras: com a alegria de ver a paz à sua volta; e a alegria de ouvir no fundo do seu coração uma voz inefável que diz «Pai»."

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Américo Mendes