
CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
E nós o que fazemos para combater o problema da habitação?
Nos últimos tempos o país político, nos seus vários quadrantes, acordou para a acuidade do problema da habitação. Como diz o povo, mais vale tarde do que nunca.
Para sermos justos, o problema e soluções para ele têm estado nos programas de várias forças políticas e na sua acção quando chegam ao poder. No entanto, não será injusto dizer que o sentido da acuidade deste problema e da sua centralidade especialmente nas vidas de quem é mais pobre não têm estado nesses programas e nessa acção de forma permanente.
Ora esta acuidade e esta centralidade não são de agora. Estiveram sempre e continuam a estar muito presentes nas vidas das pessoas que são mais pobres que são as que mais sofrem com isso. Não é, pois, de estranhar que o Pai Américo, entre outras iniciativas, tenha lançado o "Património dos Pobres". Também, por isso, não é de estranhar que várias formas de ajuda a famílias pobres no domínio da habitação tenham estado sempre no topo das prioridades da acção da nossa Conferência e de quase todas as outras Conferências.
Isto não é para nos vangloriarmos de que somos melhores do que os outros na acção social. Quando se trata de ajudar o próximo, especialmente o que mais precisa, todas as pessoas, organizações e iniciativas são sempre bem-vindas.
A lembrança do Pai Américo e desta faceta da acção vicentina são só para dizer que, tanto nas políticas públicas, como nas iniciativas da sociedade civil e da Igreja, deveria ser dada mais atenção ao fomento da acção voluntária solidária para ajudar a combater este problema. Por esse país fora, numas dioceses mais e noutras menos, mas em todas a Igreja é um proprietário imobiliário que nem sempre mobiliza algum dele para ajudar quem mais sofre com este problema quando podia e devia fazê-lo.
Também no universo das chamadas Instituições de Solidariedade Social e noutras iniciativas solidárias da sociedade civil são relativamente poucas as que se dedicam especificamente a combater este problema.
É, pois, preciso que haja mais quem se empenhe em seguir o bom caminho que o Pai Américo aqui abriu mobilizando contributos vários (dinheiro, trabalho voluntário, terrenos, habitações degradadas que possam ser recuperadas, etc.) para que, em cada localidade, haja um património colectivo de habitações uso dos que, sem isso, viveriam em condições degradantes.
Da nossa paróquia, vamos aqui dando conta regularmente do trabalho que a nossa Conferência, em sintonia com a Fábrica da Igreja, vai fazendo em permanência no sentido de canalizar para a manutenção e melhoramento das treze casas (em breve, catorze) do Património dos Pobres, boa parte das ajudas que angariamos, principalmente as que nos chegam dos nossos leitores. Outras paróquias também têm conseguido cuidar bem do seu Património dos Pobres, mantendo as casas que vêm dos primeiros tempos desta iniciativa que o Pai Américo lançou e acrescentando-lhe outras, mas infelizmente não tem sido assim em todas as paróquias por onde o Património dos Pobres andou.
Esta iniciativa ou outras do género que, como atrás referi, infelizmente também não são muitas, não são a varinha mágica que vai resolver o problema da habitação, mas, de certeza absoluta, que se se fizer mais neste domínio, irá haver menos famílias a viver em situações degradantes no que se refere à habitação. Valerá a pena mesmo que sejam poucas famílias pobres a poder beneficiar do acesso a um "Património dos Pobres" que seja constituído e mantido ao longo do tempo nas suas paróquias graças aos contributos voluntários que essas paróquias puderem ir angariando para esse efeito.
Por isso, aqui fica o apelo:
Que cada Paróquia construa e cuide do seu Património dos Pobres!
Américo Mendes