CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Imigrantes

Têm chegado aqui à nossa zona imigrantes vindos de países do Norte de África e da Ásia nas condições degradantes que os meios de comunicação social têm noticiado. Vêm para trabalhos precários, nomeadamente trabalhos de pouca duração na construção civil ou em actividades sazonais na agricultura, sem contrato e com patrões que não lhe pagam o devido salário, para não falar de traficantes que se suspeita estarem envolvidos neste processo, ficando com algum do pouco que é pago a essas pessoas.

Há dias fomos tentar acudir a um destes imigrantes vindo do Norte de África que nos disseram que estava a viver numa freguesia vizinha. As Vicentinas encheram o carro com géneros alimentícios, mas, infelizmente, quando chegamos à casa onde esse imigrante estava a morar, ele tinha saído de lá há 10 minutos. Tinha-nos enviado mensagem a avisar, mas não a tínhamos lido porque estávamos a conduzir.

Nas mensagens trocadas com ele depois desse encontro falhado ficamos a saber que nessa noite iria dormir numa casa abandonada perto da ponte de D. Luís, no Porto. Como conhecíamos o responsável por uma instituição que apoia as pessoas sem abrigo e que tem instalações lá perto, conseguiu-se que ele pudesse ir lá tomar as refeições, tomar banho e ter as roupas lavadas, mas alojamento não porque não havia vagas nessa altura e continua a não haver.

Para este imigrante também se conseguiu que a autoridade pública competente pagasse a parte do salário que lhe tinha roubado.

Também fomos a outra freguesia vizinha falar com um grupo de imigrantes do Bangladesh que veio para trabalhos sazonais na agricultura e que estava sem emprego e sem rendimentos, a viver com a ajuda da Conferência Vicentina local. A esperança era poder arranjar-se emprego a alguns deles. Não foi possível porque não conseguimos cópias dos passaportes e doutros documentos necessários para avançar com um contrato de trabalho feito como manda a lei. Suspeitamos que este seja um caso de imigrantes que estão na mão de alguma rede que os explora e que lhes retém os documentos.

Também soubemos de mais um grupo, este de imigrantes do Nepal, mas a viver numa localidade já relativamente longe da nossa zona. Mesmo assim, fomos lá falar com eles. Temos algumas razões bem fundadas para crer que estes não estão na mão de uma rede suspeita. Temos possibilidades de lhes conseguir emprego em trabalhos dignos e estáveis na floresta onde seriam muito úteis. Têm documentos que permitem avançar com um contrato de trabalho como manda a lei. O problema agora é outro que também afecta muitas pessoas neste país e por aqui também: encontrar um alojamento para alugar que seja condigno e por uma renda acessível. Até agora não conseguimos encontrar nenhum alojamento nestas condições.

Temos estado a procurar uma solução que seria alguém com propriedades que precisassem de quem as mantivesse limpas de ervas, silvas e mato e que lá tivesse alguma pequena habitação em condições condignas que pudesse ceder a estes imigrantes em regime de comodato, com a contrapartida deles e da organização que os pode contratar para trabalhos na floresta, manterem a propriedade limpa.

Embora haja por cá muitas propriedades cujos donos têm dificuldades em as manter limpas, as que têm casas habitáveis têm-nas arrendadas. As outras têm casas que estão muito degradadas.

Vamos continuar a tentar ver se conseguimos arranjar por cá alojamento condigno e acessível para estes imigrantes para os quais há possibilidades de trabalho digno, estável e útil ao país.

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Américo Mendes